Creche que começou a ser construída em 2014, em Guapimirim, poderá ter obra concluída em 2022
Mais de R$: 700 mil foram pagos à empreiteira na época
Creche abandonada na Iconha - Divulgação/Jornal Conexão Verdade
Creche abandonada na Iconha Divulgação/Jornal Conexão Verdade
Por O Dia
Guapimirim – Uma creche que começou a ser construída em 2014, no bairro Iconha, em Guapimirim, na Baixada Fluminense, durante o mandato do então prefeito Marcos Aurélio Dias, poderá ter sua obra concluída até 2022, ou seja, oito anos depois. Foi o que anunciou o atual Secretário Municipal de Educação, Ricardo Almeida, durante um encontro com técnicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), na sede da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (24/06).
Não se trata da Capela Sistina, no Vaticano, cujas obras demoram 10 anos, nem do Tempo da Sagrada Família, na Espanha, com obras iniciadas em 1882 e com previsão de término para 2026, mas de uma unidade de ensino com muito dinheiro desperdiçado. Mais de 764 mil foram gastos na época com a empreiteira responsável pelas obras.
Em abril de 2014, o governo do então prefeito Marcos Aurélio Dias emitiu ordem de serviço para o inicio das obras de construção da Creche Municipal Cecilia Maria da Conceição Ulrich, no Iconha, no valor global de R$: 1.402.219,40, com recursos do FNDE. A empresa vencedora do pregão de 2013 foi a MVC Componentes Plásticos Ltda., com sede em São José dos Pinhais, no Paraná.
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Até outubro de 2014, seis meses após a emissão da ordem de serviço, as obras sequer tinham começado, mas, isso não foi impedimento para que a empreiteira recebesse naquele ano R$: 380.604,92 por parte da prefeitura. Mesmo sem mostrar serviço, a empresa pediu prorrogação do prazo de entrega da creche de 12 meses para 24 meses, ao invés de abril de 2015, para abril de 2016.
Ao longo desse imbróglio, foram firmados três aditivos entre a administração municipal e a empresa: o primeiro, já mencionado, pedindo mais prazo para terminar as obras; o segundo aditivo foi um reajuste contratual de mais R$: 322.317,18 sobre o valor global de mais de 1,4 milhão. Com isso, o novo valor do contrato passou a ser de R$:1.721.526,58. A justificativa para tal aumento seria um suposto desequilíbrio financeiro; no terceiro aditivo, de março de 2016, faltando um mês para concluir as obras, a MVC Componentes Plásticos Ltda. Pedia mais seis meses de prazo.
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Apesar dos atrasos e da falta de solidez financeira, a empresa ainda recebeu mais de R$: 383.471,15, em 2015, do governo de Marcos Aurélio, sendo o primeiro repasse, no ano anterior, mais de 380 mil, conforme abordado nesta reportagem, totalizando R$: 764.076.05.
Posteriormente, a MVC Componentes Plásticos Ltda., mudou a razão social para Gastron Inovação em Compósitos S/A. Em 2017, a empresa pediu recuperação judicial a 1° Vara Civil do Foro Regional de São José dos Pinhais.
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Antes mesmo de ficar concluída, a nova creche foi alvo de furto no último dia 17 de abril. Dois homens foram presos por suspeita de furtarem materiais de obra dessa nova creche. Eles transportavam calha e smart trames numa carroça e pretendiam vendê-los num ferro velho. A prisão foi feita por agentes do Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO) de Guapimirim, durante um patrulhamento de rotina.
A referida creche foi abandonada não só no governo de Marcos Aurélio Dias, como também no do governo do seu sucessor, o ex-prefeito Zelito Tringuelê, que ficou no cargo de 2017 á 2020.
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