Projeto de fossa séptica ecológica com pneus velhos, de Guapimirim, poderá ser implementado em outros municípios fluminenses
Ao menos três cidades demonstraram interesse no projeto de destinação sustentável do esgoto sanitário
Capacitação em Guapimirim - Divulgação Ascom/PMG
Capacitação em GuapimirimDivulgação Ascom/PMG
Por O Dia
O projeto de fossa séptica ecológica instalado em Guapimirim, na Baixada Fluminense, está servindo de inspiração e poderá ser implementado em outros municípios fluminenses. Um deles é o de Itaboraí, cujas negociações estão bem adiantadas. Nessa terça-feira (22/6), a Prefeitura de Guapimirim, por meio da Secretaria Municipal do Ambiente e Sustentabilidade, firmou uma parceria inédita com a Prefeitura de Itaboraí para capacitar os servidores itaboraienses sobre a instalação desses biodigestores.
O encontro ocorreu em território guapimiriense, com representantes das secretarias municipais do Ambiente e Urbanismo (Semau) e da Desenvolvimento Social (SEMDS) e do Grupamento Ambiental Municipal de Itaboraí (Gepam), todos de Itaboraí.
O projeto, que faz parte do programa “Meu Bairro Agora é Diferente”, também despertou o interesse das prefeituras de Cachoeiras de Macacu e de Rio Bonito. As discussões ainda estão em fase inicial, conforme apurou O Dia.
Em maio deste ano, a Prefeitura de Guapimirim começou a construir fossas sépticas ecológicas em cinco residências no bairro Sapê. O critério adotado para a seleção dos imóveis foi o cadastro na Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos.
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Os biodigestores servem para destinar, de modo sustentável, o esgoto, por meio de um sistema de câmara de pneus, com tubo para filtragem e sumidouro, para a separação de água com urina e de fezes. A decomposição dos dejetos será feita por bactérias anaeróbicas.
Por meio de um tanque de evapotranspiração, é instalado um sistema de câmaras de pneus dividido em dois módulos: no primeiro, as bactérias decompõem os dejetos, fazendo com que a matéria orgânica fique acumulada no fundo; e no segundo módulo, o líquido restante continua sendo tratado pelas bactérias, que eliminam mais de 90% da matéria contaminante da água. Desse modo, evita-se a contaminação do lençol freático.
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Cada domicílio tem seu próprio biodigestor, podendo ser usado em locais com até cinco pessoas cada. O sistema é de baixo custo e totalmente ecológico, pois não utiliza energia elétrica nem produtos químicos e também reduz os gastos com caminhões sugadores de fossas negras. Outra vantagem é que não deixa mau cheiro nem proliferação de moscas, por exemplo.
Após a instalação dos biodigestores, são plantadas algumas espécies de árvores para facilitar a evapotranspiração. Desse modo, evitando o alagamento em caso de chuvas. Outra curiosidade é que as fossas sépticas ecológicas são ricas em nutrientes, o que é um fator positivo para a agricultura.
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As fossas ecológicas têm sido opção viável em áreas rurais e em regiões onde não há saneamento básico. No estado do Rio de Janeiro, Guapimirim é pioneiro.
Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), órgão ligado ao governo federal, apontam que, em 2019, 48% da população brasileira não possuíam rede de esgoto. A fossa séptica ecológica pode ser uma alternativa eficaz para que o Brasil consiga cumprir até 2030 com o Objetivo nº 6 – dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – das Nações Unidas (ONU), que trata sobre o acesso universal à água potável e ao saneamento básico e higiene como forma de reduzir a poluição ambiental e garantir melhor qualidade de vida para populações em situação de vulnerabilidade social.
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