O CPRJ é uma referência na preservação de primatasFabiano Veneza - Inea - Imagem cedida ao O Dia

Guapimirim – O Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ) completou 42 anos no último dia 9 de novembro. Trata-se da primeira instituição em território nacional com foco prioritário na preservação de primatas nativos brasileiros, sendo uma referência em pesquisa sobre o tema. É administrado pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e está situado na sede Guapimirim do Parque Estadual dos Três Picos (PEPT), na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
O CPRJ possui um banco genético. São mantidos em cativeiro cerca de 250 primatas de 30 espécies – ademais de alguns híbridos – com a finalidade de reprodução e recuperação das populações nativas.
O Centro de Primatologia realiza estudos em áreas como: desenvolvimento de vacina contra febre amarela para primatas neotropicais, investigação de casos de malária autóctones na Mata Atlântica fluminense, coronavírus (Sars-CoV2) em primatas neotropicais e o potencial de transmissão do espumavírus em humanos. Os espumavírus são um tipo de retrovírus que causam imunodeficiência em algumas espécies de macacos.
“O Centro de Primatologia do Rio de Janeiro é um orgulho para o nosso estado. Foi a primeira instituição nacional focada na conservação de primatas no Brasil e é uma referência para o mundo nesse assunto. Nossa missão é continuar trabalhando para o fortalecimento desse espaço tão importante para a ciência e para o meio ambiente”, comentou ao O Dia o secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade do Rio de Janeiro, Thiago Pampolha.
No CPRJ, vivem primatas criados em cativeiro e também resgatados do tráfico de animais silvestres e/ou de outras atividades humanas que impactam na sobrevivência, como hidrelétricas e rodovias, por exemplo.
Entre as espécies criadas no CPRJ, vale a pena destacar o sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita), espécie também nativa da Mata Atlântica fluminense, considerado um dos 25 primatas mais ameaçados do mundo, segundo o Inea, e o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), ameaçado de extinção e endêmico do estado do Rio de Janeiro.
Para que o mico-leão-dourado saia da lista de extinção, é necessário que haja pelo menos dois mil indivíduos vivendo soltos até o ano de 2025 numa área de 25 mil hectares de floresta. Atualmente, as populações não chegam a mil indivíduos em espaços que ocupam menos de mil hectares, segundo a ONG WWF.
O Centro de Primatologia do Rio de Janeiro foi inaugurado 9 de novembro em 1979 e era administrado pela antiga Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema), que, atualmente, se chama Inea. A instituição foi idealizada pelo primatólogo e conservacionista Adelmar Faria Coimbra Filho. Atualmente, é gerida pelo primatólogo, Alcides Pissinatti, doutor em Biologia Animal.
“O Centro de Primatologia é muito importante na proteção e nos estudos dos primatas e é uma referência em todo o país, e nos orgulha o fato de que esteja inserido no Parque Estadual dos Três Picos. Agradeço ao [Alcides] Pissinatti, que é um entusiasta e um gênio do CPRJ, e também o apoio do coordenador dos Três Picos, Guilherme Luz, que está sempre colaborando com o CPRJ”, expressou o gestor do PETP, Alexandre Donato de Sá.
O CPRJ fica localizado a cerca 100 quilômetros do Centro da cidade do Rio de Janeiro e ocupa uma área de 276 hectares. A instituição possui parceria de estudos com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e com universidades nos estados do Rio de Janeiro, de São Paulo, do Pará e do Piauí.