Laura Brito, vítima de racismo em loja em CopacabanaReprodução/TV Globo

Rio - A atendente Laura Brito Viana, de 28 anos, que foi vítima de racismo em uma loja de bijuterias em Copacabana, na Zona Sul, nesta quarta-feira (21), agora luta por justiça. Ainda muito abalada, ela afirmou ao DIA que se sentiu "um lixo" com as ofensas.

“O sentimento de passar por isso é inexplicável. Não tem como descrever a dor que eu estou sentindo até agora. O que eu passei foi humilhante. Coisas que nenhum ser humano deveria sentir, eu senti”, desabafou Laura, nesta quinta-feira (22).

Laura contou, ainda, que já foi vítima de preconceito em outras situações. “Uma vez, eu fui ajudar uma senhora a amarrar os sapatos na rua e ela praticamente se jogou em cima de um carro para eu não tocar nela, achando que eu ia roubá-la. Todos os negros passam por situações assim, todos os dias. Desde o colégio até a fase adulta”, disse a atendente.

A mulher ainda falou ao DIA sobre os relatos que ouviu de outros frequentadores do estabelecimento e o que ela espera da justiça. “Eu queria que as pessoas que passam por isso não se calassem, como muitos disseram pra mim que tinham passado por preconceito dentro da loja, vindo da mesma mulher. Ela continuou fazendo. No meu caso, ela pagou fiança, foi liberada e nada me garante que ela não vá continuar. O que eu espero da justiça nesse momento é que o nome seja real: justiça. Que ela pague pelo crime que ela cometeu, porque ela não ofendeu somente a mim, mas sim toda uma legião de pessoas”, contou.
Por fim, a atendente deixou uma mensagem a todos aqueles que são vítimas de preconceito. "Nem todo preto, favelado e pobre é ladrão. Não é porque a gente não tem condições financeiras tão boas quanto outras pessoas, que a gente tem necessidade de roubar, matar, destruir famílias. O que eu queria falar é para as pessoas denunciarem, sim, porque não é perda de tempo. É um direito que todos nós temos. Todos nós temos direito à justiça”, afirmou Laura.

O caso

Em depoimento, a vítima contou que entrou no estabelecimento para comprar um anel para o marido, quando a comerciante Li Chen, chinesa de 48 anos, parou em sua frente. Laura disse, então, que desviou, mas a mulher continuou a segui-la pelos corredores. Quando foi questioná-la do motivo, a dona da loja respondeu que ela deveria se retirar e começou a agredir Laura, verbal e fisicamente.

De acordo com testemunhas, a comerciante achou que a mulher fosse roubar algo e a expulsou do local aos gritos, jogando o celular de Laura no chão e dando tapas no braço dela.

A comerciante foi presa em flagrante, após agentes do 19º BPM (Copacabana) terem sido acionados para um caso de injúria racial.

Segundo a Polícia Militar, a dona do estabelecimento foi acusada de ofender a consumidora com palavras de cunho racista. A vítima e a autora foram conduzidas para a 12ª DP (Copacabana), onde o caso foi registrado. A dona da loja pagou fiança de R$ 1,5 mil e vai responder em liberdade.

Procurada pelo DIA, a Polícia Civil afirmou que as partes foram ouvidas e a autora autuada em flagrante por injúria por preconceito. O caso foi encaminhado à Justiça.
A loja Marisa Bijouterias, localizada na Rua Siqueira Campos, também foi procurada, mas não se manifestou.