O tradicional Bar Luiz, localizado na Rua da Carioca, permanece fechado. Em junho deste ano foi anunciado que o estabelecimento passaria por obras após uma chuva ter danificado o teto, mas três meses depois as reformas ainda não começaram.
Segundo Rosana, dona do restaurante, havia um acordo para a realização, mas a outra parte desistiu de prosseguir.
"Não temos obra, não consegui nenhum investidor pra fazer a obra, e o Bar Luiz não consegue ser reaberto com os danos da loja ... Não desisto fácil das coisas, então estou procurando outros caminhos para viabilizar", disse Rosana Santos, adicionando que vai procurar o conselho de especialistas – entre eles, Augusto Ivan, um dos responsáveis pelo projeto de preservação e revitalização do Centro que se iniciou nos anos 1980, com quem ela afirma ter um bom relacionamento.
No momento não há previsão para o retorno às operações, mas Rosana adicionou que, quando ele acontecer, é provável que o cardápio seja reduzido. Financeiramente não faz sentido manter itens que são pouco solicitados pela clientela, é um custo alto e pouco retorno.
O restaurante está basicamente fechado desde março de 2021, tendo funcionado apenas por um breve período em novembro, quando realizou um evento com o intuito de bancar a reabertura. O estabelecimento, que conta com 135 anos de história, chegou a anunciar o fechamento das portas em 2019, mas uma onda de apoio popular reverteu a situação. Em fevereiro de 2020, o restaurante entrou em processo de recuperação judicial.
Bar surgiu no Império e foi alvo do movimento estudantil
Fundado em 3 de janeiro de 1887, quando Dom Pedro II ainda era o Imperador do Brasil, e o Rio, a capital do Império, o Bar Luiz ajudou a popularizar a venda da cerveja pela serpentina: o chope. Já durante a Belle Epóque do período republicano, o bar atraia à noite clientes vindos dos teatros próximos à Rua da Carioca: atores, vedetes e profissionais da arte e espectadores dos cinemas da Cinelândia.
O botequim alemão, que chamava-se Bar Adolph veio a mudar o nome para Bar Luiz, com o advento da Segunda Guerra Mundial e os movimentos nacionalistas e antifascistas no Brasil. Sob estas circunstâncias, estudantes do Colégio Pedro II em campanha contra os regimes fascistas da Europa invadiram o Bar com o intuito de destruí-lo, associando seu nome ao ditador alemão Adolf Hitler.
A casa foi salva pelo compositor de Aquarela do Brasil, Ary Barroso, que lá tomava um chope no bar. Desfeito o mal entendido, os estudantes se retiraram para apedrejar outro estabelecimento nas redondezas. O marcante episódio resultou na naturalização de Ludwig Vöit, que passou a denominar-se Luiz, e na alteração do nome da casa para Bar Luiz.
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