Para o empreendimento será utilizada uma área de 312.514m².Divulgação

Itaguaí- Na sexta-feira (20), foi anunciado pela Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ) a implantação de mais um terminal para exportação de granel sólido mineral. Para o empreendimento será utilizada uma área de 312.514m², na qual serão investidos R$ 3 bilhões para aumentar a capacidade de escoamento de minério de ferro em 30 milhões de toneladas por ano.

Nesta segunda-feira (23), em uma Live através das redes sociais Rubem Vieira (Podemos), Prefeito de Itaguaí, contrapõem a implantação do novo terminal por conta dos impactos ambientais e fiscais.


"Isso para a gente é muito preocupante, já temos uma briga muito grande aqui por causa da questão do meio ambiente. O porto que temos hoje, tem quatro estações de porto, a CBPS, da Vale, a CSN e a Terniun que é de Itaguaí, faz parte de Itaguaí. Todos esses portos trabalham com minério, o grande problema do minério é que a mineradora não é no Estado do Rio de Janeiro, e sim em Minas. A gente aqui só passa o minério pela linha férrea, armazena no nosso porto sendo exportado para o mundo inteiro através do nosso porto”, explicou o prefeito.

Ainda, segundo o chefe do executivo o novo terminal não irá favorecer economicamente o município.

“Eu não sou contra o desenvolvimento, precisamos de emprego, de geração de renda, só que o porto de Itaguaí não aguenta mais tanta poluição. Não aguenta o absurdo que é o minério pagar seu imposto em minas, o Estado do Rio de Janeiro fica para trás sempre. Nós perdemos o crescimento econômico e gera pouquíssimos empregos, ficando apenas com a herança maldita ambiental”, completou o prefeito.


Segundo publicação da Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ), para o Diretor de Negócios e Sustentabilidade da Docas do Rio, Jean Paulo Castro e Silva, “este projeto de um novo grande terminal de minério em Itaguaí demonstra a importância desse porto para o escoamento da produção do Quadrilátero Ferrífero e o consolidará como o principal complexo portuário do país na exportação de uma das mais importantes ‘commodities’ do nosso comércio exterior”.

Na transmissão, Vieira citou a reportagem do Jornal Diário do Rio, aonde o ex conselheiro de Docas por mais de 8 anos e secretário de Estado da área Portuária, Wagner Victer, discordou dos benefícios a serem trazidos para o Estado do Rio de Janeiro, com a construção do novo terminal em Itaguaí. Para ele, a medida também será um grande erro.

“Acho uma péssima notícia para o Estado. Isso não é para comemorar, é para chorar! Essas atividades são extremamente poluidoras e já temos alguns terminais de minério, na Baía de Sepetiba, com licenças ambientais vencidas, como a da Vale, na Ilha da Madeira. Há operações de minério também para Terniun (que pelo menos transforma em aço), CSN e Porto do Sudeste. Ser corredor de exportação de commodities produzidas em outros estados é um retrocesso, uma vez que não gera empregos, não agrega nada à economia Fluminense. Além de não pagar impostos, sendo que as empresas ainda colocam o endereço fiscal fora do estado onde está a mina, não impactando na transferência de impostos federais e no PIB do Rio. Ficamos basicamente com a poeira e a poluição, além das míseras contribuições de Royalties da mineração. É errado do ponto de vista do Estado. Observem, se o Porto de Santos, em São Paulo, aceitaria essa carga. Nossos portos de vocação para indústrias e serviços, como Itaguaí e Açu, se tornam meros corredores para outros estados. Isso, sim, impacta o meio ambiente marinho daquela bela Baía de Sepetiba,” disse Victer.

Shayene Barreto, secretária de Meio Ambiente e Planejamento também se surpreendeu com notícia.


“Na realidade deveríamos ter sido procurados pelos técnicos do MINFRA e da EPL. O principal objetivo da atual gestão é tornar o município uma referência em sustentabilidade, por isso, intensificamos as fiscalizações, sempre realizadas com base técnica e jurídica. Não somos contra o desenvolvimento econômico, só precisamos que seja de forma sustentável. Especificamente neste caso, temos exemplos negativos das empresas que realizam as operações de transporte na nossa Baía. Se não houver uma regulação forte de transporte, armazenamento, estocagem, descarte de efluentes, já sabemos onde isso vai dar: mais poluição! Não é isso que queremos e não deixaremos acontecer. Nosso município possui uma legislação ambiental referência em todo o Estado do Rio de Janeiro e vamos aplicar para garantir que o município não sofra mais com a degradação ambiental”, pontuou a secretária.

Rubem Vieira fez um apelo e uma sugestão aos ministros.
"Senhores Ministros, por que não pega a área do meio e transforma em offshore, para atender aos navios? Isso aumenta o royalty do município, aumenta o dinheiro do município, do estado do Rio de Janeiro. Governado Claudio Castro, faço aqui um apelo, nos ajude a fazer com que essa área do meio seja algo mais útil para a cidade de Itaguai e para o estado do Rio de Janeiro. E também relembrou o quanto a logística da cidade pode agregar economicamente, "Temos Arco Metropolitano que leva até a Washington Luiz, Dutra, BR-101, Rio-SP, temos uma linha férrea maravilhosa. Por causa de 14 quilômetros de linha férrea nós não podemos trazer os cereals, por exemplo, para dentro do Porto de Itaguaí para exportar, ou então Offshore. Vamos botar ali empresas para recuperar os navios, olha quanto de dinheiro poderia entrar para o estado do Rio de Janeiro e para o município”.

"Essa não é uma questão política, é uma questão da cidade de Itaguaí, me ajuda, me ajuda a fazer Itaguaí entrar em um porto sério", finaliza o prefeito de Itaguaí.