No palco, dois dos mais destacados músicos brasileiros da atualidade – Daniel Guedes (violino) e Fábio Presgrave (violoncelo).Divulgação

Itaguaí- Uma das construções mais importantes de Itaguaí irá receber concertos gratuitos que dialogam com a história e a arquitetura da cidade no Festival Interativo de Música e Arquitetura (Fima). Desde dezembro de 2021, o FIMA realizou diversas apresentações em construções icônicas do estado do Rio de Janeiro, reunindo grandes nomes das duas áreas. O evento desta vez, será na Praça Dom Luiz Guanella, no sábado (28).

No palco, dois dos mais destacados músicos brasileiros da atualidade – Daniel Guedes (violino) e Fábio Presgrave (violoncelo) – apresentarão ao público um repertório que dialoga com a história do município e a arquitetura da Igreja Matriz de São Francisco Xavier, com participação especial de integrantes da Orquestra Jovem de Itaguaí nas duas últimas músicas. A apresentação musical será intercalada com comentários das palestrantes Noemia Barradas (arquiteta) e Mirian Bondim (historiadora). O Festival é patrocinado pelo Instituto Cultural Vale por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura e, em Itaguaí, conta também com o apoio da Prefeitura de Itaguaí, por meio da Secretaria Municipal de Educação e Cultura e da Secretaria Municipal de Eventos.

Para o subsecretário de Educação Willian Cezar o festival é importantíssimo para a história e cultura do município.
“É muito importante para cidade receber eventos como o FIMA. Itaguaí é uma cidade cultural e historicamente fundamental. Não só para o Rio de Janeiro como para o Brasil. Ações como o FIMA ativam a memória artística e social da cidade. O master class eleva a qualidade de nossos musicistas, através dos passeios culturais os alunos da rede pública conhecem um pouco mais do patrimônio da cidade e um concerto na nossa Igreja de São Francisco Xavier é uma oportunidade do itaguaiense se reconectar e se imaginar em outros tempos. O evento está muito alinhado com o que acredita e tem trabalhado na Cultura municipal”, diz Willian Cezar.

O palco que receberá o evento será montado em frente a esta icônica obra arquitetônica, um marco da fundação de Itaguaí, erguida sobre o “Morro Cabeça Seca”, por onde abaixo passava o rio argiloso chamado Tagoahy, que, na língua tupi, significa rio de águas amarelas. “Uma construção típica das edificações religiosas construídas pelos jesuítas até a primeira metade do século XVIII no Brasil, a Igreja Matriz de São Francisco Xavier é celebrada pelo FIMA nesta primeira edição, pelo seu protagonismo histórico para toda a região de Itaguaí. Um patrimônio cultural que é de grande importância não só para este município, mas também para todos nós brasileiros”, explica o diretor artístico do FIMA, Pablo Castellar.

E para deixar o evento ainda mais especial para a cidade, vinte quatro jovens talentos de Itaguaí também estarão no palco. Os integrantes da Orquestra Jovem de Itaguaí (ORJI), sob a regência do maestro Adriano Araújo de Souza, se juntarão a Guedes e Presgrave na execução das últimas peças do programa. "Essa participação especial da ORJI é resultado de um trabalho realizado por estes jovens músicos junto aos solistas deste duo durante dois dias intensos de aulas magnas e ensaios. Uma ação que integra a programação educativa do FIMA", completa Castellar.
Repertório do concerto dialoga a história da cidade de Itaguaí

O concerto terá início lembrando dos povos originários que habitavam a região de Itaguaí antes da chegada dos portugueses: os tupinambás. O duo apresentará duas melodias de cantos tupinambás, anotadas por Jean de Léry, no século XVI: Canidé-ioune, uma invocação a uma ave amarela que celebra toda a sua beleza, e a música cerimonial Heüra, oueh. Seguindo de outras obras inspiradas na cronologia histórica da cidade, como a obra All. Elevation nº 2, de Domenico Zipoli, padre compositor e organista italiano, que, apesar de pouco conhecido do público geral, deixou sua marca nas missões da América do Sul.

Em seguida será a vez do programa dialogar musicalmente com a própria Igreja Matriz de São Francisco Xavier. Serão apresentados dois movimentos da Partita nº 2,de Johann Sebastian Bach. De Heitor Villa-Lobos, Melodia Sentimental, da suíte “A Floresta do Amazonas”.
Já a presença africana em Itaguaí será lembrada com outra peça do compositor: Choros-bis nº1. Importante base para abastecimento de escravizados para Minas Gerais através da Estrada Real, a cidade movimentou um número expressivo deles. Mesmo após a legislação antitráfico, o município, com seu traçado caprichoso, com bocas de rios, enseadas e pequenas baías, oferecia esconderijos naturais ideais para realizar o contrabando de escravizados. “Choro” era o nome utilizado para a música apresentada pelos chamados "chorões", conjuntos de músicos de rua brasileiros que usavam instrumentos africanos e europeus.

Consta, em registros históricos, que na sua volta de São Paulo, onde proclamou a Independência do Brasil, há 200 anos, D. Pedro I passou por Itaguaí, já que esse era o caminho utilizado. Na cidade, teria sido aclamado pela população, na Praça Dom Luiz Guanella, local que abriga o concerto e antes era chamada Praça da Aclamação. Para celebrar esta importante efeméride, o duo executará o Hino da Independência do Brasil (Hino Imperial e Constitucional de 1822), composto pelo próprio Dom Pedro de Alcântara.

As duas últimas obras do programa contarão com a participação da Orquestra Jovem de Itaguaí e regência do maestro Adriano Araújo de Souza. Com o duo como solistas, o grupo interpretará Ya Mariamu (Canto tradicional libanês) e um arranjo de Fábio Presgrave integrando o Prelúdio da Suite nº2 em Ré Menor, de J.S. Bach, com o Samba em Prelúdio de Baden Powell e Vinícius de Moraes.

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