Após protestos no local do crime e comocão da populacão, o prefeito Welberth Rezende, divulgou um vídeo informando o fechamento do quiosque e a cassacão da concessão Divulgação/Alexandre Leite

Macaé - Um ato repugnante de racismo e injúria racial repercutiu na cidade Macaé e arredores, neste domingo (16). Duas jovens negras foram vítimas de ataques, após pedir informações para usar o banheiro de um quiosque na Praia do Pecado. O crime foi cometido pelo dono do estabelecimento, identificado como Ronaldo, que proferiu palavras como “neguinha”, “volte para a favela” e “aqui não é seu lugar”. O acusado foi detido em flagrante e autuado por injúria, no artigo 140. Com a fiança de dois salários mínimos paga, ele responde em liberdade.

Após protestos no local do crime e comoção da população, o prefeito da cidade, Welberth Rezende, divulgou um vídeo, ao lado da parlamentar Izabella Vicente, do Procurador Geral, Fabiano Paschoal, da secretária de Promoção à Igualdade Racial, Zoraia Braz Dias e do representante do coletivo Coisa de Preto, Matheus Neves, afirmando que, a primeira medida administrativa tomada pela prefeitura contra o dono do quiosque da Orla que cometeu o caso de racismo, será a cassação de licença para atuar e o quiosque será lacrado pela Secretaria Municipal de Posturas. Assista:
“O racismo sempre existiu, mas agora nós estamos mais fortes, mais informados e não vamos mais tolerar. Racismo é crime. É intolerável esse tipo de atitude. Vamos sempre denunciar e dar voz para as vítimas! Racistas não passarão, ressaltou a vereadora Iza Vicente.
"Vamos sempre denunciar e dar voz para as vítimas! Racistas não passarão", publicou a vereadora Iza Vicente, em sua página - Reprodução Instagram
"Vamos sempre denunciar e dar voz para as vítimas! Racistas não passarão", publicou a vereadora Iza Vicente, em sua páginaReprodução Instagram

Relato de uma das vítimas - A dentista Perla Spozito disse que estava junto de uma amiga - também negra -, que prefere não ser identificada, e após dar boa tarde e perguntar a direção do banheiro, ela foi questionada pelo dono do estabelecimento que falou: “Quem é você? Da onde você é? Nunca te vi aqui! Se você não tem dinheiro, não é aqui que vai pedir. Não vou pagar pra você!” e continuou expulsando-as com “Sai daqui, sua neguinha!”.

“Em momento nenhum ele informou que precisaria pagar para usar o banheiro, pois esse não era o problema. Cerca de cinco minutos depois, uma colega de profissão que estava comigo na areia e o namorado - ambos brancos -, foram até o mesmo quiosque e chegando lá, ela perguntou o valor pra usar o banheiro, e o mesmo homem respondeu que não precisava pagar e emprestou a chave para eles…” Recorda Perla, acrescentando que, com 24 anos, já passou por situações de racismo, porém sempre de forma velada.

“Desta vez, foi tão humilhante e sem pudor, que foi difícil de acreditar. Estou completamente destruída depois do episódio. É inexplicável, eu nunca vou saber lidar com isso. A sensação é que ele me espancou, pois minha dor é física. Espero que a justiça seja feita de todo meu coração, não só por mim, mas por todos que já foram e que virão”, relatou a vítima.