Programa Limpa Rio em Magé deve ser concluída em até seis mesesPhilippe Lima / Divulgação

Por O Dia
Desde que nasceu, o comerciante Jorge Nunes, de 34 anos, ouve falar dos transbordamentos do Canal Magé, no município da Baixada Fluminense. De geração em geração, praticamente todos na família Nunes sofreram com o aumento do nível das águas ocasionado por chuvas intensas e pelo movimento da maré na Baía de Guanabara. Agora, Jorge já tem uma perspectiva de não precisar mais conviver com esses problemas.
Na última quinta-feira, o Instituto Estadual de Ambiente (Inea) iniciou o desassoreamento do canal que leva o nome da cidade. A intervenção, que também passará pelo Rio Roncador, faz parte das iniciativas do programa Limpa Rio e deve ser concluída em até seis meses.
Publicidade
Jorge Nunes, que é dono de um bar e distribuidora de bebidas às margens do canal, conta que teve que fazer uma obra para elevar o piso do estabelecimento e evitar inundações que poderiam fazê-lo perder móveis e mercadorias.
"Aqui sempre encheu. Meu pai sofreu muito com isso. Aí, decidi fazer a obra", conta Nunes.
Publicidade
A lama formada pela água transbordada do canal também dificulta, e muito, a rotina de trabalho de quem reside na região. Sair de casa só é possível com sacos plásticos enrolados nos pés.
"Quando chove muito e também por conta da maré alta alaga tudo. Sempre vinham e só faziam um trecho. Aí, não adianta nada. Acredito que essa obra vai ajudar muito", diz a diarista Vânia Macedo Torres, de 50.
Publicidade
As intervenções para desassorear o canal também vão beneficiar quem sobrevive da pesca na região, já que o canal é usado para que barcos tenham acesso à Baía de Guanabara.
"Vendo tainha e pescadinha para revendedores e para o consumidor final. Sou pescador há 30 anos e atravesso o canal todos os dias. Tem muito mato, muito lodo, muito sedimento que dificulta a passagem dos barcos", afirma Marcelo Rodrigues, de 44 anos.
Publicidade
Com 3,5 quilômetros de extensão, o Canal Magé deságua no Rio Roncador, de 2,5 quilômetros, que desemboca na Baía de Guanabara. No total, serão retiradas 70 mil toneladas, sendo 30 mil apenas do Canal Magé.
"Nosso objetivo é atuar de forma preventiva por através do Limpa Rio. O programa cumpre um papel fundamental para evitar enchentes e transbordamentos de rios, canais e córregos. Mas é sempre importante frisar que a população precisa fazer a sua parte e não jogar lixo nos rios", explica o secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Thiago Pampolha.
Publicidade
Desde o início do ano, o Inea realiza intervenções em mais de 20 corpos hídricos de 16 cidades do Rio de Janeiro: Seropédica, Nova Friburgo, Teresópolis, Duque de Caxias, Japeri, Rio de Janeiro (Bangu), Itaguaí, Rio Bonito, São Gonçalo, Itaboraí, Quissamã, Três Rios, Belford Roxo, Cordeiro, Itaocara e São João de Meriti. Em 2020, Inea removeu 1,198 milhão de sedimentos de 79 rios e canais localizados em 20 cidades fluminenses.