Remadores ficaram por seis minutos em feito inédito na famosa onda dos encontros da água do mar com o rio. Divulgação
"Trouxemos a canoa de Belém em dois dias de viagem de carro até Arari e foram mais dois dias de aprendizado e conseguimos por dois dias surfar. Foram seis minutos de onda que dropamos e completamos. Tivemos imprevistos em nossa jornada, mas finalizamos o objetivo sem nenhuma avaria ou quebra em nossa canoa, algo super importante. Essa onda da pororoca tem muito mais velocidade que a onda comum do mar , vem com muita pressão, corre demais, é uma leitura muito diferente e não adianta que basta pegar surfe no mar para surfar essa onda, foram precisos três dias para surfar bem. É muita potência", disse Douglas Moura, niteroiense líder da Expedição.
O remador falou sobre a ansiedade muito grande no primeiro dia. "Escutamos bastante sobre a pororoca, mas só vivenciamos mesmo a partir do primeiro dia e curiosamente foi quando perdemos a onda, posicionamos justo no local onde com aquela lua a onda era pequena , estávamos na bancada do retão, quando a onda apareceu não identificamos e perdemos. Ficamos assimilando e a partir disso prestando atenção em como ela avança no rio conforme encontra uma reta, uma bancada, pega uma curva e cresce de virar uma onda de 30 centímetro para virar 1 metro de forma muito rápida. Então voltamos para o retão no segundo dia, nos posicionamos e pegamos uma onda média, saímos mais satisfeitos, pegamos a primeira onda, sentimos como ela se comporta com a canoa", relembrou o niteroiense.
"Queria agradecer ao apoio e a comunidade do Arari por nos prestar suporte e também ao Jean, diretor de turismo da cidade que nos prestou apoio durante nossa estada", finalizou Douglas.
A expedição contou com outros dois niteroienses, Augusto Donadel e Helio Valente.
A Expedição Anamauê a cada ano vive novos desafios. Já atravessou de canoa havaiana boa parte da costa brasileira do Sul da Bahia até Niterói (RJ) em 2021, foi de Mangaratiba (RJ) até Ubatuba (SP), percorreu o Rio de Janeiro (RJ) até Santos (SP) e agora em sua mais nova edição consegue desbravar mais um dos maiores desafios em solo brasileiro.
Sobre a Canoa Havaiana
Canoa Havaiana ou Polinésia, são nomes para determinar o esporte que surgiu na região polinésia e que originalmente é conhecido como Va´A, Wa´A ou Waka. A cultura da canoa existe há mais de 3 mil anos e elas foram inicialmente usadas pelos povos polinésios com a necessidade de colonizar novas terras na região polinésia, conjunto de ilhas do Pacífico que incluem Tahiti, Havaí.
Os povos polinésios usavam canoas como meio de transporte entre as ilhas e cada povoado construía suas canoas com características locais. No Havaí, que possui mar agitado, as canoas possuem curvatura de fundo envergada, e no Tahiti, as canoas possuem formato mais alongado e cockpit fechado.
No Brasil a cultura da prática do esporte da canoa havaiana ou polinésia só aumenta no decorrer dos anos para travessias, expedições e competições com destaques para clubes de canoas no litoral do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo. Somente em Niterói (RJ) são 33 clubes de canoa com cerca de dois mil remadores. No Espírito Santo são 21 clubes, cerca de 1.500 remadores.
Sobre a Pororoca
A Pororoca acontece na foz do rio Amazonas nos estados do Pará, Amapá e Maranhão. Ela ocorre ao entrar em contato com a maré do Oceano Atlântico, ocasionando ondas de 3 até 6 metros de altura em extensão pelo rio de aproximadamente 20km. A pororoca provoca um som bastante alto e característico , o que explica a origem da palavra em turi "poro´roja poro´rog", o que significa "estrondar". As ondas acontecem uma vez ao dia nos meses de janeiro a maio, no período de lua cheia ou lua nova.
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