O programa Lei Seca realizou uma campanha educativa diferenciada sobre o uso de quadriciclos.Divulgação
Um dos participantes da ação foi João Marcelo, de 16 anos, que classificou o projeto como muito importante. “Cada vez mais as coisas ficam mais perto de nós, e hoje entendemos ainda mais os riscos de beber e dirigir, de pilotar sem carteira sem tantos conhecimentos, e também que tem regras que precisamos cumprir”, disse o jovem que mora em Camboinhas e acompanhou as orientações a diversos motoristas que passavam no entorno da escola.
A ação desta quarta-feira foi resultado da reunião organizada pelo político niteroiense Felipe Peixoto (PSD) na Associação Pró Urbanística e Ecológica de Camboinhas (Soprecam), dias depois do acidente ocorrido em 28 de junho na orla de Itaipuaçu, em Maricá, envolvendo três jovens em um quadriciclo. Um deles era Lorenzo Martins Rocha, o Lô, de 15 anos, que faleceu no local e era aluno do Objetivo. Sua morte motivou a mãe Paula Rocha a solicitar a Felipe que intermediasse a ação educativa com órgãos públicos de trânsito e de segurança para alertar jovens e pais sobre as regras e os riscos do mau uso do veículo.
- Felipe é um dos amigos que me estenderam os braços nesse momento tão difícil da minha vida. E agora o meu sonho é transformar minha imensa dor em amor, fazendo tudo para impedir que outras famílias passem por isso. Há regras que precisam ser mais divulgadas. Eu mesma não sabia que menores de 18 anos não podem dirigir quadriciclo nem bicicleta elétrica, pois quem dirige esses veículos tem que ter carteira. E mesmo no carona é preciso usar capacete e outros acessórios de proteção. Se o Lô usasse esses equipamentos talvez estivesse aqui - disse Paula, uma das palestrantes do evento que mobilizou 20 profissionais e foi assistido por mais de 300 alunos e educadores, com equipes da Polícia Militar, Detran e Guarda Municipal de Maricá.
Um sonho - A atividade foi aberta por Aparecida Brum, diretora da escola que falou sobre a determinação de Paula em atuar na conscientização da população sobre o uso indevido de veículos por jovens. “Paula tem um sonho muito bonito, que vai ajudar a juventude e as famílias a entenderem que nem sempre é possível atender os mimos dos jovens”. Em seguida, foi a vez de Wallace Santos, chefe de uma das equipes do projeto “Educação no Trânsito - Escola Nota 10”, projeto criado em março desse ano pelo programa Lei Seca para percorrer escolas públicas de todo o estado com ações de prevenção ao consumo de álcool e direção.
- Já passamos por dezenas de escolas, nos deparando com situações delicadas, como jovens de 14, 15 anos que dirigem para ajudar a família. Uma pesquisa da Unesco dá conta que crianças a partir de 10 anos bebem com seus pais. Isso precisa mudar. Precisamos minimizar a triste marca das 150 pessoas que morrem todos os dias no Brasil vítimas de acidentes de trânsito. Nossa missão é sensibilizar e orientar jovens do Ensino Médio, futuros condutores que precisam conhecer as regras e atuarem como multiplicadores das informações em suas famílias e nos grupos que circulam - disse o chefe de equipe.
Wallace ressaltou que a ação do Objetivo é a primeira em escola particular, diante dos problemas de trânsito registrados no bairro com jovens em quadriciclos, bicicletas eletrônicas e motos envolvendo o uso de álcool. Todas as atividades foram acompanhadas por Felipe Peixoto, que no início de sua trajetória política foi secretário regional das Praias Oceânicas de Niterói, onde também morou e conhece todos os desafios.
- A pedido da Paulinha, intermediei o encontro que resultou nessa ação bacana e muito importante realizada hoje. Além disso, conhecemos bem a região e sabemos que em Camboinhas, até por sua formatação de bairro mais fechado, o uso de quadriciclos é muito comum. Orientar os jovens e suas famílias sobre os riscos e regras é o caminho para diminuirmos os acidentes e as fatalidades. Estou muito feliz que esse programa tenha chegado a Niterói – disse Felipe.
Reforço na sensibilização - Como forma de reforçar a sensibilização, o programa conta com cadeirantes para falar de suas experiências. São pessoas que ficaram com deficiência física em acidentes de trânsito em decorrência ao uso do álcool, entre eles Leandro Gabriel, 30 anos. Desde os 14 ele esperava os pais dormirem para sair escondido guiando o carro da mãe ou a moto do pai. Uma noite, já aos 15, saiu de moto e, mesmo tendo bebido decidiu, a convite de um amigo, ir a uma festa que acabou no acidente.
- Era madrugada e eu tinha bebido demais. Mesmo assim, escolhi ir para Itaboraí com o meu amigo. No caminho simplesmente eu apaguei e bati em um muro. Nunca mais andei e mexi com a vida de toda a minha família. Agradeço por estar bem, mas todos os dias lembro da importância das nossas escolhas - alertou Leandro.
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