Por adriano.araujo

Rio - O corpo do médico Jaime Gold, de 57 anos, foi enterrado na manhã desta quinta-feira no Cemitério Israelita do Caju, Zona Norte da cidade. Familiares e amigos do cardiologista estiveram presentes na cerimônia, que seguiu as tradições judaicas.

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A cerimônia foi restrita aos parentes e amigos. Alguns deles falaram sobre a convivência com o médico, que era visto como uma pessoa alegre, tranquila e adorada por todos. "É uma perda muito grande, muito doloroso", disse, muito abalada e chorando, Sara Uderman, tia de Jaime. Rosane Gold Vasser, que estudou medicina com o cardiologista, disse que ele era "um menino de ouro, que só fazia o bem." "Era amigo de todos, apesar de muito tímido", disse.

GALERIA: Família e amigos se despedem de médico esfaqueado na Lagoa

Família e amigos se despedem de médico esfaqueado na LagoaSeverino Silva / Agência O Dia

Aos prantos, a namorada de Jaime, Adriana Nobre, chegou para o velório. Ela estava acompanhada de Adelmo de Oliveira, que mantinha uma amizade com o médico há mais de 10 anos. Ele falou que os dois conversavam muito sobre a violência na cidade. Ele ressaltou que a vítima era contra qualquer tipo de violência e achava que ela nunca iria atingi-lo.

O bom caráter e humildade de Jaime também foi lembrado por outros amigos. O advogado Fernando Freire, de 59 anos, contou um episódio que viveu com o médico. "Certa vez, estava correndo na praia e cruzei com ele. Na volta, nos encontramos de novo e ele estava com um copo com água para mim. Ele era um cara muito amável, como o nome remetia era um homem de 'ouro'. " lembrou. Ele lamentou a omissão das autoridades em relação à violência na cidade. "Não é só prendendo o menor que as coisas vão mudar. Sem educação não vai mudar nada, não é com essa penalização que vamos acabar com a violência. Temos que ter educação, zelo com as famílias que não têm possibilidade de crescer socialmente."

Pessoas que não conheciam a vítima também prestaram homenagem ao médico. O aposentado Mário Luiz Vides, de 60 anos, se deslocou de São Gonçalo para acompanhar a cerimônia. "Essa morte na Lagoa foi a mais absurda que vi. Me senti agredido também", disse.

Cerimônia de velório do médico Jaime Gold%2C morto após ser esfaqueado na Lagoa%2C está restrita a parentes e amigosSeverino Silva / Agência O Dia

Ele, que é praticante do ciclismo, assim como Jaime, também criticou a falta de segurança e disse que a redução da maioridade penal não vai resolver o problema. "Cada um tem que fazer a sua parte, só reduzir a maioridade não vai adiantar. Me aposentei e há dois anos estou pedalando. Quero continuar me exercitando. Prefiro pedalar do que andar em um carro trancado. Só quero viver e fazer meu esporte", falou.

Esfaqueado enquanto pedalava

O crime aconteceu na noite de terça-feira na altura da Curva do Calombo, quando a vítima andava de bicicleta. Segundo o frentista de um posto, Gold foi abordado por dois jovens e golpeado com um facão, mesmo sem reagir.

Professor de Medicina na UFRJ, adorado pelos alunos, Jaime Gold sofreu três perfurações no abdômen e uma na mão. Sua bicicleta, celular e carteira ficaram com bandidos que ainda não foram identificados. A Delegacia de Homicídios fez perícia no local e recolheu imagens de câmeras de segurança.

Na noite desta quarta-feira, uma mulher foi a mais nova vítima de assalto com faca no Rio em menos de 24 horas depois do médico ser atacado. Lorena Tristão, de 31 anos, foi atingida nas pernas, mas não corre risco de morte. O caso aconteceu em São Conrado e os ladrões nada levaram.

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