Cenas do documentário 'Nossos Mortos Têm Voz', que traz à tona o depoimento de mães e familiares de vítimas da violência na Baixada
Cenas do documentário 'Nossos Mortos Têm Voz', que traz à tona o depoimento de mães e familiares de vítimas da violência na BaixadaQuiprocó Filmes / Divulgação
Por O Dia
Na quarta-feira, a chacina da Baixada, na qual policiais militares assassinaram a tiros 29 pessoas e feriram outras duas em diferentes pontos dos municípios de Nova Iguaçu e Queimados, completa 16 anos. E, para lembrar o crime e suas vítimas, sociedade Civil, movimentos sociais e o Fórum Grita Baixada, em parceria com a Rede de Mães e Familiares de Vítimas de Violência de Estado e de Desaparecimentos Forçados na Baixada Fluminense, promovem mais uma manifestação.
O fórum promove, também, uma série de lives que tratam, entre outros assuntos, do advento de políticas públicas nascidas de esforços coletivos. Hoje, às 18h, o bate-papo relembra os três anos do lançamento do documentário 'Nossos Mortos Têm Voz', que traz à tona o depoimento de mães e familiares de vítimas da violência do Estado na Baixada Fluminense com as histórias atravessadas por essas perdas. A produção da Quiprocó Filmes resgata a memória das vidas interrompidas com uma visão crítica sobre a atuação do Estado através das polícias na região, aborda a atuação dos grupos de extermínio a partir da década de 50 e das milícias mais recentemente, sobretudo, no que diz respeito à violência de agentes de Estado contra jovens negros. 
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O encontro virtual também relembra os três meses do desaparecimento de Lucas Matheus da Silva, 8 anos, Alexandre da Silva, 10 anos, e Fernando Henrique Ribeiro, 11 anos, no dia 27 de dezembro de 2020 na comunidade Castelar, em Belford Roxo; e o assassinato das meninas Emily Victoria da Silva, de 4 anos, e Rebecca Beatriz Rodrigues Santos, de 7, mortas a tiros em Duque de Caxias, no dia 04 de dezembro do ano passado.
De acordo com Adriano Araújo, coordenador do Fórum Grita Baixada, a luta é para que todas as vítimas não caiam no esquecimento. "A nossa luta nesse momento é preservar a memória dessas vítimas e fazer com que as violências cometidas pelo Estado não sejam invisibilizadas. A gente acredita que é importante destacar, pra além da necessidade de termos políticas públicas voltadas pro combate a essas violências, também com ações preventivas. É preciso uma atenção voltada pro cuidado às famílias das vítimas e, em especial à essa Rede de Mães."
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Amanhã, às 19h, o Programa Baixada Viva Especial, fala sobre Desaparecimentos forçados e a pandemia. Na quarta, às 10h, haverá homenagem às vítimas e depoimentos de familiares da chacina da Baixada. A Caminhada Virtual realizaria paradas em determinados pontos, homenageando todas as vítimas da violência de Estado na Baixada Fluminense, bem como as famílias que tiveram parentes em situação de desaparecimentos forçados. Esse percurso seria transmitido ao vivo pelas redes sociais da ONG COM CAUSA, Rede de Mães e Fórum Grita Baixada.
Entretanto, mesmo garantindo o isolamento necessário, o uso de máscaras e álcool gel para as poucas participantes, de acordo com o agravamento da COVID-19 no país e com o aumento expressivo do número de mortos e infectados, o cuidado necessário com o estado de saúde das mães, impõem o cancelamento da Caminhada Virtual no dia 31. No entanto, a título de memória, o encontro virtual contará com o lançamento de um vídeo com depoimentos de mães e familiares de vítimas de violência de Estado na Baixada.
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