Mulheres tem aulas de defesas pessoal, onde aprendem jiu-jitsu e kickboxing.Divulgação

Proporcionar às mulheres iguaçuanas uma ferramenta de empoderamento e de se sentirem mais seguras. Com esse objetivo, a Prefeitura de Nova Iguaçu segue oferecendo às moradoras do município da Baixada Fluminense, a Oficina Mulher Livre, que ensina defesa pessoal e também presta atendimento psicológico e jurídico às vítimas de violência doméstica.

As oficinas são realizadas nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) do Centro, Austin, Miguel Couto e Vila de Cava. Uma vez por semana, as alunas têm aulas de jiu-jitsu e kickboxing, participam de rodas de conversa e também recebem atendimento direcionado. Cada núcleo conta com 15 alunas, muitas com histórico de violência dentro de seus lares e que buscaram superação.

Uma delas, identificada como S. R., de 48 anos, passou muito tempo sendo vítima de agressões físicas, verbais e psicológicas. Ela já recebia acompanhamento do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do CRAS Vila de Cava quando decidiu dar um basta à violência e foi encaminhada para a Superintendência de Políticas para Mulheres, órgão que também faz parte da SEMAS.

“Faz um ano que tive coragem de ir à delegacia denunciar meu ex-marido. Hoje, tenho uma relação saudável com outro companheiro e não vivo mais este ciclo de violência. Mesmo assim, decidi participar desta oficina de defesa pessoal, pois é importante saber me proteger em caso de alguma necessidade”, disse a mulher, revelando que em cerca de dois meses já aprendeu algumas técnicas de defesa pessoal.

A oficina é promovida pela Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS) em parceria com a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (SEMEL). De acordo com a secretária da SEMAS, Elaine Medeiros, esclarece que a finalidade não é que tais técnicas sejam utilizadas de forma a gerar um revide da mulher contra o agressor.

“As artes marciais devem ser postas em prática com responsabilidade, de forma que a vítima se mantenha viva e rompa o ciclo de violência na primeira oportunidade. Nosso objetivo é contribuir para as mulheres superem a violência e violação de seus direitos, não é torná-las agressoras”, explica.

As aulas de kickboxing são ministradas pelo professor Rafael Pereira, enquanto a professora Glaciane Axt é a responsável por ensinar a arte do jiu-jitsu. Enquanto Rafael busca desconstruir junto às alunas a imagem do homem como ser ameaçador para ensinar a arte marcial, Glaciane que usar o esporte não somente para ensinar a defesa pessoal, mas também transformar as vidas das mulheres.

“Muitas delas podem não ter renda e depender financeiramente do agressor. Com a oficina, quero proporcionar não somente o aprendizado da defesa pessoal, mas de uma profissão que gera renda e abre caminhos, assim com abriu os meus”, conta Glaciane.
Mais vagas serão disponibilizadas no futuro

Aulas seguem todos os protocolos sanitários, com higienização do local de ensino.Divulgação

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Por conta da pandemia, a Oficina Mulher Livre vem trabalhando com número reduzido de alunas, para que seja possível cumprir com as regras de ouro que evitam a disseminação da Covid-19. Futuramente, o projeto-piloto deverá ser levado para todos os CRAS da cidade e ter 40 alunas em cada um dos núcleos. As inscrições para a oficina podem ser feitas diretamente nos núcleos já confirmados. Para isso, basta que as mulheres estejam inseridas no Cadastro Único. Caso contrário, o cadastramento poderá ser feito no ato da matrícula.

Além da Oficina Mulher Livre, a SEMAS possui a Superintendência de Polícias para Mulheres, órgão que oferece atendimento psicológico, social, jurídico e psicopedagógico às vítimas de violência doméstica. O setor conta também com o projeto Abraçando Vidas, uma oficina de artesanato que confecciona toucas que são distribuídas aos abrigos do município e também às mulheres com câncer de mama.