Adriano Volpini diretor de Segurança Corporativa do Itaú Unibanco.Divulgação

Uma espiada no celular para conferir as fotos dos amigos e, de repente, você se vê impactado por anúncios de produtos com preços incríveis. O que fazia mesmo no celular? Não importa, agora já está interessado nas diversas pechinchas online. E tem que escolher rapidamente, diz o anúncio, porque está acabando. Entusiasmado, você clica. É redirecionado a uma página diferente do habitual, mas com características semelhantes. Deixa para lá os detalhes, pois o preço está tentador. Ao conferir as informações para pagamento, se depara com um nome diferente da razão social da empresa. Ué, estranho. Mesmo assim coloca dados pessoais e bancários.
Levante a mão quem nunca ouviu uma história assim ou tenha vivido algo parecido. É o típico “ritual” do golpe, e posso explicar os motivos. Parece óbvio dizer que é necessário redobrar a atenção em casos como este. Os riscos, afinal, parecem tão claros. Certo? Mais ou menos. É preciso levar em conta que as compras muitas vezes são feitas de maneira emocional. Há vasta literatura sobre o impacto das emoções na decisão de adquirir um bem. E uma vitrine online, colorida e farta, com bons preços, parece realçar este fator, não? É nisso que apostam os aproveitadores.
O apelo ao imediatismo é uma das estratégias mais usadas por criminosos. “Corra antes que acabe” é o gatilho para levar o consumidor a rapidamente clicar no botão “comprar”. Desconfie das ofertas imperdíveis mediante única forma de pagamento, de lojas online desconhecidas prometendo mundos e fundos, além de descontos imperdíveis. E, claro, redobre a atenção em tempos de Black Friday e Natal, ocasiões em que as ofertas aumentam e as oportunidades de golpes também. Esses eventos, aliados a certa empolgação e receio de perder boas compras, se transforma em ambiente perfeito para golpistas.
Segundo a Associação Brasileira do Varejo, datas como Black Friday, Copa do Mundo e Natal devem aumentar as vendas em 12% em comparação ao 1º semestre, além de injetarem mais de R$ 20 bilhões na Economia. Em 2021, as tentativas de fraudes durante a Black Friday no Brasil cresceram 131,54%, em comparação ao mesmo período em 2020, segundo pesquisa da ClearSale. Financeiramente, foram R$ 125,8 milhões em fraudes evitadas no e-commerce em 2021, contra R$ 70,3 milhões em 2020 – alta de 78,93%.
Especialmente neste período, fique atento ao acessar sites de e-commerce, perfis em redes sociais ou anúncios em marketplaces que conduzem à negociação para fora do ambiente seguro, certificando sempre a legitimidade do site em que está navegando. Dê preferência aos sites conhecidos e, mesmo assim, sempre confirme no navegador se o endereço da página da loja está correto. Em caso de lojas desconhecidas por você, vale a busca sobre o vendedor em sites de reputação para verificar reclamações. E nunca clique no link de uma oferta.
É preferível acessar o site do vendedor digitando seu endereço no navegador e, então, buscar o produto. Também não ligue para números de telefones recebidos por SMS – contate somente os telefones oficiais das lojas ou do seu banco. Na hora de pagar, use o cartão virtual em compras online e mantenha o seu cartão de crédito físico bloqueado para uso na internet, se o seu banco disponibilizar essa funcionalidade.
Se for pagar com Pix, boleto ou transferência, confira o valor e o nome da empresa ou do vendedor antes de concluir a compra e garanta que a transação ocorrerá mesmo para quem deve receber. E lembre-se sempre de adotar o velho certeiro provérbio: “quando a esmola é demais, o santo desconfia”.
Adriano Volpini é diretor de Segurança Corporativa do Itaú Unibanco