Bombeiros atuam diariamente para debelar focos de incêndio em diversos pontos da cidade - Reprodução
Bombeiros atuam diariamente para debelar focos de incêndio em diversos pontos da cidadeReprodução
Por O Dia
Petrópolis - Petrópolis sofre com as queimadas. Incêndios criminosos, estiagem e ventos típicos desta época do ano vêm trazendo a trágica alteração de um dos cenários mais belos do Estado. O Corpo de Bombeiros de Petrópolis trabalhou pesado no combate a um incêndio na manhã desta quarta-feira, na localidade de Morro Florido, no bairro Estrada da Saudade. O incêndio começou na tarde da última terça-feira e chegou a ser controlado por volta das 20h30, mas as chamas voltaram a aparecer e os bombeiros retornaram na manhã de ontem com equipes por terra e ar. O fogo atingiu a parte alta de três localidades: Fragoso, Formiga e Retiro. Este incêndio atingiu áreas urbanas e os bombeiros tentaram a todo custo evitar que o fogo chegasse às residências. A causa do incêndio ainda não foi confirmada pelos militares. De acordo com o comandante do 15º batalhão dos bombeiros, Tenente Coronel Gil Kempers, é provável que o fogo tenha sido iniciado por uma queima caseira de lixo, o que é expressamente proibido.
Na última semana, bombeiros e brigadistas realizaram mais uma ação no combate à uma queimada com início no Bonfim (Parnaso). Até o momento, os estragos ocorreram em duas Unidades de Conservação, a Reserva Biológica de Araras e em dois pontos do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. A região também passou por outros dois incêndios em menos de 15 dias. Um deles, na Reserva Biológica de Araras, começou depois que um homem teria colocado fogo no próprio veículo para receber aplicar o golpe do seguro. O homem está preso e vai responder pelos crimes de tentativa de estelionato e incêndio criminoso. 
Publicidade
Outro incêndio, também criminoso, atingiu uma área de 47 hectares no Parque Nacional da Serra dos Órgãos. O fogo começou na noite de 27 de julho, na região do Morro do Cobiçado, em Petrópolis, no início da travessia Cobiçado x Ventania. As chamas avançaram rapidamente para dentro da área protegida pelo Ibama. Para se ter uma ideia, cada hectare queimado equivale a aproximadamente um campo de futebol.
Publicidade
Um terceiro incêndio de causas ainda não identificadas, também no início da semana, destruiu 30 hectares de Mata Atlântica, na localidade do Taquaril, região onde se encontra um vale de agricultores localizado no município de Petrópolis, no distrito de Pedro do Rio, que forma o Circuito Turístico Pedras do Taquaril. É uma região de rara beleza natural, cercada por serras, onde se destaca a Pedra do Elefante, montanha com 1600 metros de altitude de onde o visitante tem uma vista privilegiada das cidades de Petrópolis e Teresópolis.
Queimadas de grande porte destruíram, nos últimos 15 dias, cerca de 1.100 hectares de vegetação em Unidades de Conservação. Foram 670 hectares na Reserva Biológica de Araras e 450 em queimadas no Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Os casos já estão sendo investigados por policiais da 106ª DP, em Itaipava. No Parnaso, somente na última semana, os incêndios causaram a destruição de 330 hectares parte alta do parque e 30 hectares na parte baixa, na região do Bonfim. Incêndios possivelmente criminosos estão entrando na mira da polícia, que investiga a autoria de queimadas que vêm provocando a destruição de vegetação em unidades de conservação e áreas de Preservação Permanente da cidade para punir os responsáveis.
Publicidade
"Provocar incêndio em vegetação é crime. Estamos notificando as ocorrências de incêndio e encaminhando os responsáveis à delegacia. Este ano tivemos três casos em que os responsáveis foram identificados e levados para a delegacia. As pessoas precisam entender que quando colocam fogo no lixo ou para limpeza de terreno, por exemplo, e perdem o controle daquele fogo, estão cometendo um crime e serão responsabilizadas", afirma o comandante do 15º Grupamento do Corpo de Bombeiro, tenente-coronel Gil Kempers.
O delegado responsável pelas investigações também falou sobre os recentes eventos. "Temos alguns procedimentos instaurados a partir de incêndios florestais na cidade. Estas ocorrências sempre foram criminalizadas, mas agora estamos voltando as atenções para elas", destacou o delegado da 106ª DP, João Valentim, afirmando que as investigações em reação à queimada no Parnaso está em andamento.
Publicidade
Vale lembrar que provocar incêndio florestal é crime. Os responsáveis respondem cível e criminalmente pelos danos causados. O Código Penal estabelece que causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outros, tem pena prevista de três a seis anos de reclusão, e multa. A Lei de Crimes Ambientais (lei 9605/98) também estabelece que fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano tem pena prevista de um a três anos de detenção e multa, ou ambas as penas cumulativamente.