Comissão da Câmara dos Deputados ouve presidente da INB sobre denúncia de racismo e transfobiaReprodução internet

A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, em Brasília, realizou na quarta-feira (30) uma audiência pública para ouvir o diretor-presidente da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Carlos Freire Moreira, para esclarecer fatos relativos ao episódio de racismo e transfobia na suposta recusa de ingresso de candidato aprovado no concurso público da empresa.
A realização da audiência foi solicitada pelo deputado federal Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) com base em reportagem veiculada, no dia 28 de setembro desse ano, pelo jornal O Dia, segundo a qual o candidato aprovado teria sido impedido pela gerente de Comunicação de ingressar na unidade de Resende por ser negro e transgênero.
Durante a audiência, o diretor presidente classificou o episódio como lamentável. "O caso foi tratado dentro da Comissão de Ética que analisou e acolheu a denúncia, fez as oitivas necessárias e emitiu o seu parecer tomando as medidas devidas". O relatório da Comissão foi levado à presidência, que abriu uma sindicância e afastou a funcionária de forma temporária durante a investigação.
Moreira também destacou que em nenhum momento o processo de contratação do candidato sofreu desvio ou interrupção. Ao deputado Aureo Ribeiro, ele confirmou que a denúncia chegou à ouvidoria da INB no dia 15 de setembro desse ano, mas a sindicância só foi aberta no dia 29 após o caso ser divulgado pela imprensa. Ele também afirmou que a apuração da sindicância está em fase de finalização.
Indagado pela Comissão, o diretor-presidente também confirmou que a funcionária suspeita de praticar racismo e transfobia é sua amiga. "A gerente que está sendo investigada trabalhou comigo entre 2005 e 2008. Quando eu cheguei na empresa ela já trabalhava na diretoria técnica de enriquecimento. Voltei em 2019, e pelos predicados de poder conduzir eventos, ela assumiu a Gerência da Comunicação e é uma assessora direta da presidência".
O deputado federal perguntou então se ela era sua madrinha de casamento. "Em 2009, quando eu casei pela segunda vez, eu já estava fora da INB, inclusive ela foi minha madrinha de casamento em função da amizade que densenvolvemos naquele momento de diretoria técnica do enriquecimento", disse Carlos Freire Moreira. O diretor-presidente também confirmou que o marido da gerente afastada é assessor da presidência da empresa.
Perguntado se essa relação tão próxima entre ele e os assessores poderia atrapalhar a investigação da sindicância, ele afirmou que a equipe tem liberdade para apurar o fato. "Em nenhum momento fui procurado pela pessoa mencionada para qualquer conversa, mesmo porque em qualquer sindicância eu procuro dar total liberdade, me manter o mais possível afastado de quem esta desenvolvendo a sindicância".
Ele também disse o que pretende fazer caso a sindicância recomende a demissão da gerente mesmo com essa relação de amizade. "Como oficial da reserva da Marinha a gente é treinado para separar as coisas, posso afirmar que, ao receber os autos, eu vou verificar se não me julgarei impedido, independentemente da recomendação do relatório, para julgar o feito e colocá-lo numa instância superior. Mas eu prefiro aguardar o relatório", finalizou.