Por gabriela.mattos

Rio - Uma imagem vale mais que mil palavras, já diz o provérbio chinês. No caso dos nadadores americanos que contaram ter sido assaltados por policiais na madrugada do último domingo, mais de 5 horas de vídeos ajudaram investigadores a desmontar a versão fantasiosa inventada pelo medalhista olímpico Ryan Lochte, 32, e James Feigen, 26.

Além de não terem sido vítimas de um crime ao lado de outros dois nadadores, os atletas ainda depredaram a porta, a saboneteira e papeleira do banheiro de um posto de gasolina na Barra da Tijuca, quando retornavam para a Vila Olímpica após uma festa. Um quadro de avisos do posto também foi arrancado. “Fizeram até urina no chão e tem imagens que mostram um abaixando a calça para a câmera”, disse o gerente do estabelecimento, que pediu para não ser identificado. 

Em depoimento, dois agentes penitenciários de Minas Gerais, que segundo a Polícia trabalhavam como seguranças do local, contaram detalhes do ocorrido. Foram eles que apontaram duas pistolas, calibre 380 para controlar os nadadores que queriam fugir do posto após provocar os danos. O mais exaltado, segundo um dos seguranças, era Lochte — que junto com Feigen chegou a correr para fugir em direção ao prédio da Unimed, vizinho ao local.

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Imagens das câmeras de segurança revelaram que nadadores americanos não foram assaltadosArte O Dia

Cenas dos vídeos que ajudam a recontar a história foram divulgadas pela polícia. Por uma fila especial, os quatro atletas chegam às 01h47 na Hípica,na Lagoa, onde a Casa França promovia uma festa. “Um taxista nos contou que duas mulheres ‘ficaram’ com eles. Esse pode ser um motivo para a versão fantasiosa, já que em caso de ter um relacionamento formal isso não cairia bem”, disse Fernando Veloso, chefe da Polícia Civil.

Após 4h na comemoração, os quatro pegaram um táxi. Na chegada à Barra da Tijuca, pediram para ir ao banheiro no posto de gasolina. Após dois minutos da chegada ao local, as depredações ocorrem. Os seguranças, então, interpelam o grupo. “Os homens gritaram ‘fuck’ (palavrão em inglês) várias vezes”, disse um dos seguranças à polícia. O mesmo agente penitenciário diz que Joseph Gunnar mostrou uma nota de US$ 20 e a ofereceu de forma debochada, balançando em sua mão.

Vídeo mostra nadador chegando à Vila com pertences que teriam sido roubadosReprodução Vídeo

Os agentes mostraram, então, as credenciais de agentes de segurança. Nesse momento, Lochte e Feigen correram enquanto Jonh Conger e Gunnar foram detidos. Segundo o segurança, os nadadores ficaram agressivos e, por isso, os dois sacaram as armas e mandaram os quatro sentarem no chão para aguardar a chegada da PM, que havia sido chamada.

“Eles então ofereceram duas notas de R$ 50 e uma de US$ 20 para pagar pelos danos”, afirmou o gerente. Após o acordo, os atletas voltaram para a Vila Olímpica. Na chegada, às 6h56, brincam e ainda tiram fotos nos anéis olímpicos. Eles podem ser indiciados por falsa comunicação de crime e dano ao patrimônio quando o inquérito for concluído. “Eles devem desculpas ao carioca”, disse Veloso.

Atletas são hostilizados ao sair da delegacia e recebem passaportes de volta

Os nadadores americanos Gunnar Bentz e Jack Conger, que foram retirados do avião que voltariam aos EUA na noite de quarta, foram vaiados e hostilizados ao deixar a Delegacia Especial de Atendimento ao Turista (Deat), no Leblon, na noite desta quinta-feira. Os dois prestaram depoimento, por quatro horas, como testemunhas sobre o suposto assalto que Lochte e Feigen relataram. Eles confirmaram que a versão do roubo foi fantasiosa.

Bentz e Conger tiveram então os passaportes devolvidos e seguiram à noite para embarcar de volta aos EUA. Lochte voltou para seu país na segunda e Feigen estava, à noite, prestando depoimento em uma delegacia do Rio, que não foi revelada pela polícia.

A presença dos americanos na Deat atraiu muitos curiosos, e um deles chegou puxar a orelha de um dos nadadores que se dirigia ao carro para deixar o local, enquanto outros vaiavam e gritavam para que os atletas pedissem desculpas ao Brasil por terem mentido. Alguns disseram em inglês que os nadadores ‘eram uma vergonha’. O veículo onde estavam os atletas também foi alvo de tapas dos mais exaltados.

O caso foi destaque na imprensa internacional. O ‘Los Angeles Times’ mostrou que o vídeo poderia mudar o caso dos atletas: “Assalto a Ryan Lochte é questionado após surgimento de detalhes sobre confusão em posto de gasolina”. ‘Polícia brasileira: Lochte inventou história sobre assalto’, afirmava o site do jornal ‘USA Today’. Os internautas também debocharam. Alguns disseram que o caso parecia a história do filme ‘Se beber, não case’, onde grupo de amigos se envolvia em confusão às vésperas do casamento.



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