Ex-subsecretário diz que movimentou recursos para campanha de filho de Cabral
Francisco de Assis Neto, o Kiko, foi preso nesta sexta-feira e já prestou depoimento na Polícia Federal
Por gabriela.mattos
Rio - O subsecretário de Comunicação do Rio do governo de Sérgio Cabral, Francisco de Assis Neto, o Kiko, preso ontem ao desembarcar no Rio, afirmou em depoimento à Polícia Federal que movimentou grandes quantias para a campanha do deputado federal Marco Antônio Cabral (PMDB), entre agosto e outubro de 2014. A informação foi confirmada ao DIA por pessoas que tiveram acesso ao depoimento, o qual está em sigilo de Justiça.
Último alvo em liberdade da Operação Eficiência, um desdobramento da Lava Jato, Kiko foi detido no Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, após avisar à polícia que voltaria dos Estados Unidos ontem.
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O empresário passou a ser investigado pela Procuradoria da República e pela Polícia Federal após delação premiada dos doleiros Renato e Marcelo Hasson Chebar. Os irmãos Chebar apresentaram planilhas que indicam transferências no total de R$ 7 milhões a Kiko. O período dos repasses coincide com o trabalho do publicitário na campanha do filho do ex-governador para o congresso.
Os irmãos são acusados de participar do esquema de lavagem de dinheiro de Cabral, segundo o MPF. Eles disseram que os pagamentos eram entregues na sede da empresa de Kiko, no Centro do Rio.
A defesa de Kiko afirmou que seu cliente não sabia da origem das quantias e não quis comentar o teor do depoimento. “O Francisco desconhece a origem do dinheiro. Mas no depoimento ele pode esclarecer o destino”, disse seu advogado, Breno Melaragno.
O DIA entrou em contato com a assessoria de Marco Antonio Cabral, mas não obteve retorno. Kiko é a nona pessoa presa apontada como integrante da organização criminosa supostamente liderada por Cabral que teria lavado ao menos US$ 100 milhões em propinas por meio de contas no exterior. Após prestar depoimento por cinco horas na sede da Polícia Federal, ele foi levado ontem para o presídio Ary Franco, em Água Santa, de onde deveria seguir para Bangu 8, já que possui curso superior.
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Na Suíça, ouro e diamantes
Em Genebra, na Suíça, estaria um dos cofres que abrigariam o suposto patrimônio em diamantes e barras de ouro acumulado clandestinamente pelo ex-governador Sérgio Cabral. O esconderijo fez parte dos dados fornecidos pelos operadores financeiros Renato e Marcelo Chebar, em delações ao Ministério Público Federal. No total, eles envolveriam US$ 3,5 milhões. As informações também estão sendo alvo de apuração pela Procuradoria suíça.
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Equipe do jornal O Estado de S. Paulo esteve em um endereço informado pelos delatores, que coincide com o de empresa que aluga cofres. Os funcionários, de trás de um vidro blindado, se recusaram a falar sobre o assunto. O aluguel de um cofre nesse local pode chegar a custar US$ 10 mil por ano, dependendo do tamanho e de sua segurança. A empresa não exige saber a procedência do ouro ou das pedras. Já nos bancos, a movimentação por brasileiros tem sido suscetível de exame por gerentes, cada vez mais pressionados a saber a origem do dinheiro.