Rio - Simone Gonçalves Resende, de 46 anos, apontada como mandante do assassinato da irmã, Soraya Resende, de 37, do cunhado, Wagner Salgado, de 43, e da filha do casal, Geovanna, de apenas 9 anos, em São Gonçalo, estava em uma casa alugada simples no sul do Espírito Santo e tinha mudado o corte e a cor do cabelo, quando foi presa na terça-feira em um trabalho conjunto das polícias fluminense e capixaba.
Ela foi encaminhada ontem ao Complexo Penitenciário de Gericinó, onde aguardará julgamento por triplo homicídio triplamente qualificado, com pena mínima de 60 anos de detenção. Simone culpou o filho Matheus pelos crimes. Ele e o irmão Lucas Khalil já estão presos.
“Ela surpreendeu jogando a culpa no filho. Esperávamos que ela negasse — disse o delegado da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, Marcos Amim. “Ela estava em Mimoso do Sul (ES) há dez dias, tentando se esconder. Foi levada pelo taxista Marcelo Brito Rangel, que estava auxiliando materialmente a fuga dela. Através dele ela conseguia dinheiro, pois suas contas estavam bloqueadas pela Justiça”, contou o delegado Fábio Barucke, titular da Divisão de Homicídios.
Barucke ficou impressionado com a frieza de Simone, incapaz de se comover até mesmo diante da foto da sobrinha assassinada. “Ela falou apenas ‘minha sobrinha que tanto amo’. Mas sua expressão não condizia com suas palavras. Tive a certeza de que ela teve participação no homicídio bárbaro, motivado exclusivamente por ganância, interesse em herança de R$ 7 milhões, a ponto de matar, até a sobrinha, criança, para acabar com a linha sucessória”, disse.
As vítimas foram executadas com tiros na cabeça enquanto dormiam, dia 17 de fevereiro. Marcelo Brito Rangel também foi preso ontem, pela Polícia Rodoviária Federal, em Campos.
Filhos também foram para Gericinó
Além de Simone, foram conduzidos para Gericinó Diego Moreira da Cunha, de 24 anos. Ele confessou que Simone o contratou para matar Soraya e a família. Também foram para a penitenciária os filhos gêmeos de Simone, Matheus e Lucas Khalil, que estavam presos desde 23 de fevereiro.
Matheus confessou ter acompanhado Diego e Gabriel Botrel de Araujo Miranda (ainda foragido) para matar sua tia e família. Confessou, também, ter baleado a prima de apenas 9 anos.
Lucas, por sua vez, vendeu um carro para financiar o crime. Os três ainda teriam negociado com Simone uma pensão vitalícia de R$ 3 mil pelo triplo assassinato, além dos R$ 20 mil prometidos a cada um dos assassinos.
“Os irmãos afirmaram que a mãe tinha um ódio da tia por ela ser adotiva e ter reivindicado direito à herança. Simone dizia aos filhos que um dia a mataria. Ela contratou dois matadores e pediu aos filhos para ajudarem na execução do crime”, disse Fabio Barucke.