Por nadedja.calado

Rio - Dois brasileiros foram impedidos de viajar do Rio de Janeiro para Bogotá, nesta terça-feira, no Aeroporto do Galeão. Eles não haviam sido informados de que a Colômbia passou a exigir, de todos os passageiros vindos do Brasil, um comprovante de vacina contra a febre amarela.

A comerciante Vanda Ramalho, de 52 anos, e seu filho Gabriel Ramalho, de 19 anos, já haviam feito até mesmo o check-in no vôo da Avianca, marcado para as 14h45, com destino a São Paulo, onde fariam a conexão para Bogotá. Foi só na hora de despachar as bagagens que eles foram informados da nova medida, que está em vigor desde o dia 30 de março. "Nem a companhia aérea nem a agência de viagens me deram nenhuma informação. Não tinha nada nos sites. Só no aeroporto me disseram que eu não poderia embarcar", disse ela.

Segundo a Embaixada da Colômbia no Brasil, a mudança na exigência da vacina foi informada ao Ministério das Relações Exteriores e já está valendo. Eles disseram ainda que é dever da companhia aérea informar aos viajantes. Os funcionários do balcão da Avianca, no entanto, disseram que a responsabilidade de informar os passageiros era da agência que vendeu as passagens - no caso, a Decolar.com. Contatada por telefone, a empresa disse que essa informação deveria ser obtida pelos próprios passageiros.

Brasileiros esperaram seis horas no Galeão, mas não conseguiram embarcarAgência Brasil

Segundo Vanda, tanto ela quanto o filho já haviam sido imunizados contra a febre amarela há mais de dez dias - ou seja, dentro do prazo requerido pela Colômbia. Por não ter sido informada da exigência, ela não levou os cartões de vacina para o aeroporto. "Cheguei a tentar ir em casa buscar os comprovantes, mas nesse meio tempo perdi o vôo", explicou. No aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, ela tentou resolver o problema com a Avianca, com a Decolar.com e com a Anac, sem sucesso.

A passagem, que foi comprada há cerca de duas semanas - antes da mudança de exigência -, era para visitar a filha, a publicitária Mariana Ramalho, 22, que mora em Bogotá desde janeiro. Ela e o filho iam aproveitar o feriado para passar cinco dias na cidade. "Aproveitamos que meu irmão não teria aula e que a saúde do meu padrasto estava estável e ela poderia se ausentar. Ele tem uma saúde frágil e precisa de acompanhamento diário", contou Mariana.

Depois de mais de seis horas no aeroporto, Vanda acabou desistindo de embarcar. Ela não acredita que poderá fazer a viagem em outra data: "Era uma oportunidade, não estamos em uma situação de poder remarcar". Se não conseguirem ao menos o reembolso, elas vão analisar a possibilidade de processar a companhia aérea e a agência de viagens.

Procuradas, as assessorias da Avianca Internacional e da Decolar.com ainda não comentaram o assunto.

Febre amarela

O pedido da mudança de exigência foi feito pelo Ministério da Saúde da Colômbia devido ao alto número de ocorrências da doença no Brasil. Até agora, cerca de 400 casos e 150 mortes já foram confirmadas. A vacina está sendo oferecida gratuitamente nos postos de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). No Rio, 9 casos e 2 mortes pela doença haviam sido confirmados até o último dia 3. 

Outros países

Além da Colômbia, outros países alteraram o status de exigência da vacina para passageiros vindos do Brasil. Costa Rica, Cuba, Equador, Nicarágua, Panamá também exigirão o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP) para a febre amarela. A imunização deve ser feita com, no mínimo, dez dias de antecedência.

Reportagem da estagiária Nadedja Calado.

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