Por thiago.antunes

Rio - Não bastasse a recusa de lojas, transportadoras e Correios, em entregar mercadorias nos chamados ‘CEPs do Medo’, como DIA vem divulgando desde domingo,os mais de 200 mil moradores da Zona Norte do Rio, habitantes de áreas dominadas por traficantes, que transformam ruas e avenidas em corredores de roubos de cargas, também convivem com outra humilhação: são obrigados a dar endereços de parentes e amigos de outras regiões do município para a entrega de produtos encomendados.

Caminhão de cigarros recuperado pela PRF%3A uma das cargas mais visadasDivulgação PRF

“Meu amigo mora na Rua Virgílio Filho, no Complexo da Pedreira (em Costa Barros). Nada é entregue lá, a não ser gás de cozinha, mesmo assim sob a supervisão do tráfico. Então ele prefere que cartões de crédito, equipamentos e máquinas digitais cheguem na minha casa”, diz o empresário W., de 41 anos, da Praça da Bandeira.

X., 34, que pede a ajuda ao amigo, ainda tem que camuflar as mercadorias para entrar na favela. “Comprei uma máquina fotográfica recentemente num site. A coloquei no meio de um saco de ração para pássaros. Se não fizer isso e for parado numa falsa blitz, como já aconteceu, perco o produdo para os bandidos”, lamenta.

Nos CEPs do Medo, feirões ao ar livre, promovidos por traficantes, com produtos roubados são vendidos a preços simbólicos, como 12 caixas de leite a R$ 5 ou maços de cigarros a R$ 1. No dia 27, agentes da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas apreenderam centenas de chinelos roubados, sendo vendidos numa loja e na calçada da Rua Coronel Moreira César, no Chapadão. 

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