Rio - Policiais militares do 16º BPM (Olaria) vão prestar depoimento nesta sexta-feira na 38ª DP (Irajá), que investiga a possível ajuda dos PMs a traficantes que tentavam retomar o controle das bocas de fumo na Cidade Alta. Pelo menos nove policias, entre eles os que foram transferidos para outros batalhões após a ação do último dia 2 na favela, devem comparecer à delegacia ao longo do dia na distrital.
A investigação apura se os militares receberam dinheiro para ajudar uma facção rival a retomar o controle do tráfico na comunidade. Um áudio, gravado em fevereiro deste ano, dá a entender que policiais transportavam traficantes dentro de um blindado (caveirão) da PM.
"Eles estão negando que tivesse algum traficante no blindado ou que tenham recebido qualquer dinheiro de criminosos, mas ainda depende de muita coisa para concluir o caso", disse o delegado Delmir da Silva Gouveia, titular da 39ª DP. Segundo ele, foram solicitadas imagens de câmeras e o GPS do blindado onde teria sido gravado o áudio, para auxiliar nas investigações.
Confira o áudio investigado pela polícia
Na última terça-feira, o comandante geral da Polícia Militar, coronel Wolney Dias, confirmou que nove sargentos do 16º BPM (Olaria) transferidos na última sexta-feira para outras unidades são investigados por suspeita de envolvimento com atividades ilícitas, inclusive favorecimento a traficantes de uma determinada facção. Também é investigado pela corregedoria da corporação o áudio gravado no caveirão e a possível má conduta dos PMs.
O Ministério Público do Rio (MPRJ) também investiga a conduta dos PMs do batalhão que estiveram na operação da Cidade Alta no dia 2 de maio, após uma intensa guerra de facções e que depois parou a cidade.
A ação da Polícia Militar chegou a ser elogiada pelo Secretário Estadual de Segurança, Roberto Sá. Mais de 40 pessoas foram detidas e 32 fuzis não foram apreendidos.
Além do áudio, um texto denuncia que os policiais teriam recebido R$ 1 milhão para transportar os traficantes de volta à comunidade, o que motivou a abertura da investigação também por parte do MP.