Rio - Com 931 PMs e gratificações mensais extras de R$ 1.000 para cada um, o Batalhão de Choque realiza atualmente reforço nas ações em áreas conflagradas e apoio em manifestações. O contingente do batalhão poderia também fazer patrulhamento na cidade, função que desempenhava já na década de 1970, segundo o coronel da reserva da corporação Paulo Cesar Lopes. Esse é o tema da sétima reportagem da série ‘Rio sem Polícia’.
“O batalhão de Choque é a unidade reservada ao controle de distúrbios civis. Mas, em 1976, quando fui aspirante na unidade, e até para a tropa não ficar ociosa, nós realizávamos diariamente patrulhamento nas ruas da cidade. Eles deveriam patrulhar para aumentar a segurança na cidade”, disse Lopes.
Além de ficar aquartelados, os policias do Choque têm uma escala em que trabalham um dia para folgar três. Ou seja, dos 931 homens, somente 25% dos agentes trabalham diariamente. E, ao contrário da maioria do restante da corporação, das suas 425 viaturas nenhuma encontra-se em manutenção.
Apesar do efetivo ser poupado de áreas de patrulhamento, a unidade sofre com as consequências da crise financeira, assim como o restante da corporação.
De acordo com o Ministério Público, há na unidade 140 agentes trabalhando internamente no batalhão e há falta de armamento considerado de menor letalidade. “A unidade não dispõe de estoque de armas para mais de um evento crítico”. Ou seja, para mais de uma manifestação, por exemplo.
A conservação do prédio foi avaliada por promotores como “péssima” e havia riscos de desabamento. “Devido ao tempo, o desgaste é grande e o local necessita de muitos reparos”.
“Deveria haver uma revisão do emprego do choque. Atualmente, o efetivo é mais empregado para operar nas áreas de UPPs, que já não funcionam”, opinou Lopes.
Procurada, a Polícia Militar não se pronunciou a respeito do assunto.