Rio - Com apoio técnico das Forças Armadas, a Polícia Militar procura armas, drogas, munições e traficantes em uma área de mata da Rocinha e do entorno da comunidade, na Zona Sul do Rio, na manhã desta terça-feira. As tropas retornam à região após ocuparem a favela por conta da invasão de bandidos de facções rivais há três semanas. No entanto, esta nova ação é pontual e os militares não permanecerão na favela.
No início desta manhã, os moradores relataram troca de tiros no local. Por causa da operação, algumas escolas não abriram nesta terça-feira. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, 2.489 estudantes ficaram sem aulas em cinco colégios, duas creches e um Espaço de Desenvolvimento Infantil (EDI).
Escolas particulares liberaram mais cedo os alunos e funcionários, como foi o caso do Colégio Educacional Santa Ignez, na Gávea. "Muitos funcionários moram na Rocinha e outros precisam passar pela Estrada da Gávea. Para vir foi muito complicado. A van que corta a Rocinha só veio até o meio do caminho e tivemos que descer a pé. O clima está muito tenso", contou uma professora, de 38 anos, que preferiu não se identificar.
Ela disse que, na última sexta-feira, estava dentro de um ônibus com uma amiga quando passou por um tiroteio na localidade 'Largo das Flores'. "Ontem [segunda-feira] durante o confronto as crianças perguntavam: 'Tia é tiro?'. Eu disse que era fogo. No meu caso, dou aulas para crianças de dois anos e elas não entendem muito e tentamos distraí-las. Na troca de tiros, as mães vieram passando mal pegar os filhos. É muito frustante ter que passar por isso", lamentou.
A merendeira da creche, de 43 anos, que também não quis se identificar, afirmou que esta é a primeira vez que a instituição precisa fechar por conta de operações. "Estou há cinco anos aqui. As crianças choram, ficam desesperadas e a gente tenta acalmá-las", completou.
Uma recreadora da creche, de 24 anos, lamentou a violência na região. "Estou grávida há cinco meses e achei que fosse perder meu filho na semana passada. Estava dentro de um ônibus quando o confronto começou. Não sabia o que fazer", acrescentou.
Apesar do confronto nesta manhã, duas empresas de turismo continuaram subindo a favela. "Na sexta-feira, no dia que estavam dando tiros no helicóptero, falamos com eles, mas o guia continuou subindo. Ele disse que iria passar rápido. Falamos com o motorista e ele disse que os turistas estavam pagando mais agora e subiu. Quando eles chegaram na Rua 2, houve o confronto. É uma irresponsabilidade, mas não podemos fazer nada, é o direito de ir e vir deles", destacou.
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Na madrugada desta terça, policiais do Batalhão de Choque prenderam uma mulher e detiveram duas adolescentes em um ônibus, na Estrada da Gávea, perto da Rocinha. De acordo com a corporação, os PMs conseguiram apreender celulares, uma balança de precisão, caderno com anotações do tráfico e drogas.
Já na tarde desta segunda-feira, um homem apontado como um dos seguranças do traficante Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, foi preso. Conhecido como 'Mão', Adaílton da Conceição Soares, 32 anos, foi encontrado no bairro de Rodilândia, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Segundo a PM, o suspeito tem um mandado de prisão por tráfico de drogas e era procurado desde 2005. O caso foi encaminhado para 11ª DP (Rocinha), que investiga imagens de 'Mão' circulando armado em vários pontos da Rocinha.
O comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da favela, major Daniel Cunha Neves, informou que essa foi a melhor oportunidade para prendê-lo sem prejudicar os moradores. "Para nós é de suma importância conseguir efetuar essa prisão", disse.
O major também acrescentou que as mudança de facções e disputas internas fez com que 'Mão' ficasse presente reforçando as alianças. Rogério 157, no entanto, continua foragido.
Fuzil é apreendido
Um fuzil modelo AK-47 foi apreendido por policiais da UPP Rocinha, na tarde desta segunda-feira, na comunidade. Segundo a PM, com o de hoje, já são 18 fuzis apreendidos na Operação Rocinha.
A ação foi coordenada pelo setor de inteligência do Coordenadoria de Polícia Pacificadora, com base nas informações obtidas pela UPP Jacaré.
Segundo a polícia, o balanço das ações na Rocinha, desde o dia 18 de setembro, é de: 22 pessoas presas; cinco menores apreendidos; nove suspeitos mortos; um suspeito ferido; três submetralhadoras, 19 pistolas, quatro simulacros de fuzis, três simulacros de pistola, 32 granadas e mais de duas toneladas de drogas apreendidas.