Imagem em infravermelho mostra presos circulando livremente no interior da Cadeia Pública Milton Dias Moreira, em Japeri, na Baixada Fluminense, durante rebelião em que agentes da Seap foram feitos reféns - /REPRODUÇÃO
Imagem em infravermelho mostra presos circulando livremente no interior da Cadeia Pública Milton Dias Moreira, em Japeri, na Baixada Fluminense, durante rebelião em que agentes da Seap foram feitos reféns/REPRODUÇÃO
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - Dois dias após o presidente Michel Temer decretar a intervenção federal na segurança pública do estado, sete servidores da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) foram feitos reféns uma rebelião na Cadeia Pública Milton Dias Moreira, em Japeri, na Baixada Fluminense. Três agentes penitenciários e um inspetor da Seap foram liberados pelos detentos por volta das 22 horas. Três inspetores da Seap permaneciam como reféns. Três presos foram feridos, sem gravidade. O Bope entrou no presídio para negociar a rendição dos amotinados.

A rebelião começou após uma tentativa frustrada de fuga. Os agentes da Secretaria de Administração Penitenciária foram abordados durante contagem dos presos. Os detentos portavam pelo menos dois revólveres e uma pistola.

Por meio de nota, a Seap informou que inspetores frustraram uma tentativa de fuga e internos começaram um motim. O secretário David Anthony Gonçalves Alves ativou o gabinete de crise no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC).

A Polícia Militar foi chamada e enviou ao local agentes do Batalhão de Choque, do Bope e de vários os batalhões da Baixada Fluminense. O Grupo de Intervenção Tática (GIT), da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) foi chamado no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste, e deslocado para o local.

O presídio Milton Dias tem capacidade para 884 detentos e mantinha, em janeiro, 2.027, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça.

A rebelião acontece no dia em que a Secretaria de Administração Penitenciária afirmou que antecipou medidas de controle para evitar reações dos presos após a intervenção federal no Rio. "Coube ao secretário antecipar algumas medidas de controle, na intenção de evitar qualquer reação da população carcerária. Uma série de medidas operacionais foram adotadas, com o objetivo de impedir as instabilidade no sistema carcerário", informou o secretário David Anthony. No entanto, a Seap não explicou quais foram as ações adotadas para evitar rebeliões nas 54 unidades do estado, onde estão cerca de 51 mil detentos.

Intervenção federal

A rebelião acontece dois dias após o presidente Michel Temer decretar intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro e indicar o general Walter Souza Braga Neto como interventor para assumir o comando de Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, administração penitenciária e órgãos de inteligência. Nenhum plano de atuação foi apresentado. O secretário de Segurança, Roberto Sá, pediu exoneração na sexta-feira e ainda não foi substituído.

No sábado, dia seguinte ao anúncio da intervenção, tropas do Exército ocuparam as ruas do Rio. Os militares, contudo, foram deslocados apenas para garantir a segurança do presidente Michel Temer, que veio à cidade para reunião com o governador Luiz Fernando Pezão no Palácio Guanabara. O presidente anunciou a criação do Ministério da Segurança Pública, mas não revelou quem será o titular da pasta. 

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