Carro da vereadora com marcas de tiro e vidros estilhaçados foi levado para a DH, após perícia inicial - Maíra Coelho / Agência O Dia
Carro da vereadora com marcas de tiro e vidros estilhaçados foi levado para a DH, após perícia inicialMaíra Coelho / Agência O Dia
Por Bruna Fantti

Rio - Através de hábitos da vereadora Marielle Franco, a Polícia Civil chegou a algumas conclusões que apontam para a execução. No entanto, até agora, os agentes se debruçam em diversas possibilidades para a motivação.

A polícia já concluiu que ela foi seguida por quatro quilômetros. Isso porque, a vereadora não tinha o costume de se sentar no banco traseiro. Mas, na noite de quinta-feira, o fez para aproveitar a viagem e revisar texto de reportagem que estava sendo escrita no celular da assessora. Tinha pressa, pois ainda iria para a academia.

O percurso foi interrompido quando um carro Cobalt prata atirou ainda em movimento, a dois metros de distância. A trajetória dos nove disparos foi em diagonal, acertando tanto a vereadora quanto o motorista Anderson Gomes. "Tudo indica que os criminosos a seguiam, pois sabiam exatamente onde ela estava sentada, os vidros eram escurecidos. O número de disparos em curto espaço de tempo fez a gente desconfiar do uso de kit rajada, mas só a perícia irá confirmar", afirmou um investigador.

Sem conclusões

Ainda não há hipóteses fechadas para a motivação. Mariele repercutiu denúncia feita por uma ativista da favela de Acari, no sábado. Alguns moradores afirmavam que policiais militares entravam nas casas sem mandado de busca e apreensão. Apesar disso, como não houve formalização da denúncia nenhuma investigação foi aberta.

A possibilidade de crime passional ainda não foi descartada. A polícia investiga os relacionamentos pessoais dela, tanto no campo afetivo quanto profissional. No dia da execução ela exonerou seis pessoas com cargo comissionado do seu gabinete, reaproveitando quatro deles.

Ainda no Centro Integrado de Comando e Controle, onde autoridades se reuniram, foi levantada a possibilidade de ter sido recado para a cúpula da intervenção federal, que tem como meta combater a corrupção nas polícias. A revelação que a possibilidade chegou a ser debatida foi feita pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz. "Não podemos descartar a hipótese de que o crime foi reação à intervenção federal", disse.

A arma utilizada no crime foi uma pistola 9 mm, que é de uso exclusivo das Forças Armadas. No entanto, a compra da arma para uso das polícias foi liberado ano passado. No Rio, somente agentes do Bope podem, em serviço, utilizá-la.

Oito equipes da Delegacia de Homicídios recolheram câmeras do trajeto. Um agente disse que mais de 50 horas de vídeos estão sem análise. "Vamos dar uma resposta rápida a esse crime que atenta contra a democracia", afirmou Rivaldo Barbosa, chefe da Polícia Civil.

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