Rio - As siglas 'ANP/DPF' impressas nos cartuchos dos projéteis que mataram Marielle Franco e Anderson Gomes, na quarta-feira, ajudaram a Delegacia de Homicídios a chegar à origem da munição: de um lote comprado em 2006 pela Polícia Federal, como divulgou em primeira mão o RJTV, da Rede Globo. Foram mais de 423 mil projéteis de 9 mm comprados por R$ 621 mil para a Academia Nacional de Polícia (ANP) realizar treinamentos pelo Brasil.
Entre os curso previstos, estavam os treinos das polícias civil e militar para os Jogos Panamericanos de 2007 e Copa do Mundo, em 2014. Um inquérito instaurado na PF do Rio apura se a munição foi desviada ou se foi reaproveitada após treinamento, com inserção de pólvora. Para o reaproveitamento é necessário a manutenção com máquinas próprias.
Apesar disso, o ministro da Segurança, Raul Jungmann, na saída de reunião em Brasília, afirmou que o desvio de munição dessa compra realizada pela PF em 2006 não seria novidade. "Temos cerca de 50 inquéritos instaurados por conta de desvios desse lote", afirmou. Entre eles, estão os projéteis usados em uma chacina em São Paulo, em 2013, e outros supostamente roubados por um escrivão da Polícia Federal do Rio. Segundo Jungmann, informações que chegaram a ele dão conta de que a munição foi roubada da sede dos Correios na Paraíba "anos atrás".
Uma outra linha de investigação ainda não descartada pela DH: o envolvimento de milícias. Isso porque Marielle atuou ativamente na CPI das milícias e, a 9mm, é corriqueiramente encontrada com grupos paramilitares.
Ontem à noite, dois milicianos foram presos em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, com armas do tipo. E, nessa semana, outros três policiais militares suspeitos de integrar milícia foram presos em Bangu, com duas pistolas 9mm, além de cerca de 90 balas do mesmo calibre.
Os dois presos ontem pela Delegacia de Repressão às Atividades Criminosas (Draco) estavam em um carro clonado. A especializada descartou o envolvimento deles na morte da vereadora.
Ainda ontem, a polícia descobriu que um dos carros usados pelos assassinos de Marielle tinha a placa clonada. A polícia chegou à essa conclusão após identificar a placa do carro e localizar o dono, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. No entanto, análise de peritos e com álibis apresentados pelo dono do automóvel, os investigadores descobriram a clonagem. O carro usado no crime ainda não foi encontrado. A polícia fez reconstituição n Lapa e no Estácio.