Rio - O Rio registrou, desde o fim da madrugada desta segunda-feira até as 9h30, pelo menos três intensos tiroteios, um no Centro e dois na Zona Norte. Três pessoas morreram e pelo menos outras quatro ficaram feridas. Em dois dos casos, bandidos praticavam assaltos quando foram surpreendidos pela polícia. O intervalo entre os crimes é inferior a quatro horas.
No Centro do Rio, um tiroteio em plena Avenida Presidente Vargas, uma das vias mais movimentas da capital na hora do rush, assustou quem passava por volta das 8h30. Bandidos roubaram uma loja da Claro, perto da Avenida Passos. Na fuga, houve confronto, e o inspetor da Real Auto Ônibus Luís Carlos Pereira Viana, de 60 anos, foi baleado e morreu. Além do rodoviário, passageira num ponto de ônibus e o vigilante da loja roubada, que reagiu à investida dos dois assaltantes, ficaram feridos.
"Ele sempre conversava comigo sobre violência, e a preocupação dele era ser vítima de assaltos. Nunca imaginamos que pudesse acontecer uma troca de tiros em plena Central do Brasil", lamentou Luiz Célio da Silva Filho, sobrinho da vítima, que deixa mulher e dois filhos. A família é de Sapucaia, no Centro Sul-Fluminese.
Luís Carlos se dividia entre Sapucaia e o Rio. Ele trabalhava no ponto final de ônibus na Leopoldina e havia sido transferido há cerca de dois meses para o terminal da Central do Brasil. A irmã da vítima está à base de calmantes, e o pai, de 80 anos, ainda não foi informado da morte.
Já a diarista Aparecida dos Santos, de 46, tinha acabado de desembarcar e seguia para o trabalho, na Praça da República, quando foi atingida por um dos tiros. "Foi horrível. Escutei os tiros e tentei correr. Foi quando percebi que meu pé estava sangrando, pois havia sido atingida. Uma pessoa que passava pelo local me ajudou. Fui trazida ao hospital pelos agentes do Centro Presente", comentou a vítima, que é mãe de três filhos e mora no Morro Santa Marta, em Botafogo. "Um dos meus filhos me ligou chorando. A gente nunca acha que isso pode acontecer", disse.
Em nota, a Claro confirmou o assalto em sua loja e informou que 'a operadora reforça que está à disposição das autoridades e colabora para a investigação do caso'.
No Engenho de Dentro, a troca de tiros entre bandidos e policiais do 3º BPM (Méier) terminou com dois suspeitos mortos e um subtenente da PM ferido a tiro, na manhã desta segunda-feira. O confronto após tentativa de assalto deixou apavorados moradores e quem passava pela Rua Piauí, pouco antes das 6h.
Comerciantes e moradores reclamam da falta de segurança na região. O dono de um estabelecimento, que teve a porta alvejada por disparos, desabafou: "Teve aumento no nosso IPTU, que está muito caro, e não temos segurança. Se a loja estivesse aberta, com certeza, teria vítima", disse um comerciante, que preferiu não se identificar. A violência ainda mudou a rotina dos moradores. Alguns que saíam de manhã para praticar exercícios no entorno do Estádio do Engenhão desistiram.
Fernando Silva, de 66, é dono de uma loja de gesso atingida pelos disparos. O comerciante conta que a porta do estabelecimento ficou com 16 marcas de bala. Segundo ele, assaltos são constantes na região. "Todo dia tem arrastão nessa rua. Eu mesmo já fui roubado outras vezes. Tem oito meses que minha loja foi arrombada", disse Fernando.
Um terceiro tiroteio foi registrado na Rua do Bispo, no Rio Comprido, por volta das 9h30. Policiais da UPP Prazeres e criminosos entraram em confronto e uma pessoa acabou ferida. Segundo o comando da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Prazeres, os PMs passavam pela via quando viram criminosos armados em dois veículos roubados.
Os bandidos atiraram contra os PMs, e houve confronto. Antônio Carlos da Rocha Pinto, de 50 anos, que passava pelo local ficou ferido e foi levado inicialmente para o Hospital Casa de Portugal, mas depois foi transferida para o Hospital Central do Exército. O estado de saúde dele é estável.
