Rio - No dia seguinte à morte de três policiais militares em menos de 12 horas, a ONG Rio de Paz fez uma homenagem aos 29 PMs assassinados este ano. Com rosas vermelhas e cartazes com nomes e fotos das vítimas, o grupo chamou atenção para o problema na Lagoa Rodrigo de Freitas. No total de mortos, está o sargento Alexandre Fernandes da Silva, que estava internado desde outubro de 2017 e faleceu no dia 5 de janeiro.
Os cartazes foram fixados na grade ao lado da ciclovia. "Não há incompatibilidade entre o protesto pela morte da vereadora Marielle Franco e pela morte de PMs. A defesa dos direitos humanos não pode ser seletiva, não têm lado", afirmou Antônio Carlos Costa, presidente e fundador da ONG Rio de Paz.
Ontem, foram enterrados dois agentes mortos quarta-feira. O cabo Luciano Batista Coelho foi sepultado no Cemitério de São Pedro da Aldeia. Ele foi atingido em tentativa de assalto a loja de departamentos em Cabo Frio. O policial matou a filha, de 11 meses, em fevereiro de 2015, com um disparo acidental. Tentava reconstruir a vida após a tragédia. Há duas semanas, ficou noivo, com um pedido transmitido ao vivo pelas redes sociais. Já o sargento Maurício Chagas Barros, 37, morreu ao ser atingido em uma operação em Belford Roxo. Ele foi enterrado no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap.
Um terceiro policial morto também na quarta será enterrado hoje. O soldado Mesquita, da UPP Rocinha, foi morto por traficantes enquanto estava de serviço. Na mesma ação, um morador foi baleado por traficantes e morreu. O Disque-Denúncia pede informações tanto da morte dos PMs, quanto de Antônio Ferreira da Silva, 70 anos, morto ao lado do sargento Mesquita.
Ontem, o secretário de Segurança, general Richard Nunes, se solidarizou com a família dos três PMs mortos em menos de 12 horas: "A Divisão de Homicídios está investigando de modo que se coíba esse infortúnio que tem se abatido sobre nós com ações contra os agentes da lei, para cuidar da segurança da nossa cidade".
Psol pede segurança
Enquanto as investigações dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes não são esclarecidas, o Psol vai pedir proteção para os políticos do partido considerados mais expostos a risco. A solicitação será feita nos próximos dias à Secretaria de Segurança do Estado. A Delegacia de Homicídios recolheu o computador de Marielle ontem no gabinete dela na Câmara.
"O objetivo é garantir que o partido continue na luta contra as máfias que assolam o Rio. Não daremos nem um passo atrás", afirmou o vereador Tarcísio Motta. Prováveis nomes incluídos no pedido de segurança provisória são do próprio Tarcísio, membro da CPI dos Ônibus e pré-candidato ao governo, e da vereadora Talíria Petrone, de Niterói, que já recebeu ameaças e pode vir como vice.
A mulher e a irmã de Marielle, Monica Benício e Anielle Silva, cobraram resposta para o crime na Câmara dos Deputados ontem. "As autoridades competentes não devem só a mim a satisfação do que aconteceu com a minha mulher, porque isso não vai trazê-la de volta, mas devem ao mundo o respeito e a satisfação do que aconteceu nesse crime bárbaro", afirmou Mônica.
Em reunião no Ministério Público do Rio sexta-feira passada, o Conselho Nacional dos Direitos Humanos solicitou proteção a pessoas próximas de Marielle e Anderson, como equipe, parentes e amigos.
A bancada do Psol vai requisitar à Mesa Diretora da Câmara do Rio, na próxima semana, antecipação da votação dos projetos de lei de Marielle. Em 15 meses, ela apresentou 16 propostas, como a criação de creche noturna para beneficiar mães que trabalham ou estudam à noite e campanha contra o assédio sexual.
A Casa das Pretas, na Lapa, onde Marielle esteve antes de ser assassinada, promoveu um ato na Rua dos Inválidos à noite.
