Patrulhamento de militares do Exército no Aterro do Flamengo na tarde de ontem
 - DANIEL CASTELO BRANCO
Patrulhamento de militares do Exército no Aterro do Flamengo na tarde de ontem DANIEL CASTELO BRANCO
Por ADRIANA CRUZ e GUSTAVO RIBEIRO

Rio - As Forças Armadas fizeram na terça-feira quatro ações em diferentes pontos do Rio: operação no Complexo do Lins, patrulhamento ostensivo nas ruas, vistoria nos batalhões de Choque, Ações com Cães (BAC) e no Grupamento Aeromóvel (GAM) e varredura em Bangu 3. O Lins recebeu a maior operação em favela desde o início da intervenção, considerando o efetivo, com 3.400 militares das tropas federais. Lá, foram efetuadas prisões e apreensões de armas e drogas. Nenhum fuzil foi recolhido.

Ao todo, 24 pessoas foram presas no Complexo do Lins, sendo 16 por cumprimento de mandado e oito flagrantes por tráfico e porte ilegal de arma. Foram apreendidos 10 quilos de maconha, além de cocaína e crack, duas pistolas calibre 9mm, um revólver calibre 32 mm, munição, oito radiocomunicadores, dez carros e 11 motos supostamente usados por traficantes da localidade.

A ação no Lins contou com 150 PMs e 350 policiais civis. Agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) entraram no complexo por volta das 2h com o apoio de um blindado e houve confronto com criminosos durante 15 minutos. O Exército cercou a região antes das 6h e a operação foi até as 17h30.

O comando conjunto da intervenção informou que a operação envolveu cerco, estabilização da área e remoção de barricadas. As forças de segurança bloquearam as principais vias de acesso à favela e revistaram motoristas e passageiros. A Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá ficou interditada nos dois sentidos até as 15h42. Por conta do fechamento da via, o trânsito na Linha Amarela, sentido Zona Norte, ficou lento durante a manhã. O congestionamento teve reflexos na Barra da Tijuca.

No segundo dia de patrulhamento do Exército nas ruas, seis viaturas passaram por locais como a Candelária, Aterro, praias de Botafogo e Copacabana. Os agentes atuam até as 19h.

As inspeções nas três unidades operacionais da PM (Choque, BAC e GAM) teve como objetivo fazer diagnóstico funcional, como já havia ocorrido no Bope e no 14º BPM. Não foi divulgado balanço. O presidente Michel Temer assinou ontem medida provisória que destina R$ 1,2 bilhão para a intervenção. O texto deve ser publicado hoje no Diário Oficial. Não há prazo para a saída das tropas da Vila Kennedy.

370 homens apreenderam um celular

Destruição de ventiladores e pertences foi a resposta dos detentos da Penitenciária Gabriel Ferreira Castilho, conhecida como Bangu 3-B, no Complexo de Gericinó. A ação, primeira sincronizada com o policiamento nas ruas, era para localizar celulares e roteadores de internet. Mas apenas um telefone foi localizado.

Foram mobilizados 220 homens do Exército e 150 agentes penitenciários, inclusive, do Grupamento de Intervenção Tática (GIT). A ação começou às 5h e terminou às 16h. Houve princípio de rebelião em função do cancelamento das visitas íntimas, quando tinham, pelo menos, 30 mulheres aguardando. "O nosso maior recado é mostrar que o Rio de Janeiro vai ter controle dentro e fora da cadeia", afirmou o secretário de Administração Penitenciária, David Anthony.

Em Bangu 3-B estão presos chefias do Comando Vermelho (CV) como Wilson Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha e Marcelo Fonseca Souza, o Marcelo Xará, que são acusados de envolvimento na tentativa de invasão do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, em 2009. Na ocasião, um helicóptero da PM foi derrubado. Além deles, há também na unidade Márcio José Guimarães, o Tchaca, e Márcio Gomes de Medeiros Roque, o Márcio do Turano.

"Hoje, acontecia uma operação pelo Gabinete de Intervenção em áreas na cidade comandadas por essa facção. Então, seria importante uma atuação direta nessas lideranças para dificultar qualquer tipo de comunicação entre elas", acentuou Anthony. Há suspeita ainda que de dentro da cadeia, criminosos comandam quem está aqui fora. "Com a movimentação das tropas e o cancelamento das visitas íntimas, antes mesmo do início efetivo da revista, os presos jogaram e quebraram os seus pertences, criando dificuldades para as buscas. Aparelhos de celular foram destruídos e os fragmentos lançados no sistema de esgoto", explicou o secretário. Ele garantiu ainda que outras ações conjuntas nas ruas e presídios serão feitas.

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