Pelo menos 50 delegados e delegadas participaram do encontro com o novo corregedor da Polícia Civil - Divulgação
Pelo menos 50 delegados e delegadas participaram do encontro com o novo corregedor da Polícia CivilDivulgação
Por ADRIANA CRUZ e WILSON AQUINO

Rio - O objetivo do encontro era a integração. Mas a reunião entre o recém-nomeado corregedor da Polícia Civil, delegado Gilson Emiliano, e titulares das delegacias especializadas provocou o primeiro racha na cúpula da instituição. Inconformados com os termos usados por Emiliano para dizer que não ia aliviar ninguém, anonimamente, policiais fizeram denúncia contra ele na Corregedoria Geral Unificada (CGU), que, por sua vez, instaurou sindicância para apurar os fatos.

De acordo com delegados que participaram do encontro, diante da perplexidade e protesto da plateia, Emiliano teria se exaltado e mandado todo mundo "tomar no c.". Havia pelo menos 50 servidores convocados pelo chefe do Departamento Geral de Polícia Especializada (DPE), Marcus Vinicius de Almeida Braga, dos quais 19 mulheres, a maioria com atuação nas Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAMs). "Foi um constrangimento sem tamanho. Uma delegada foi mandada para aquele lugar. Muito desrespeitoso", afirmou um dos delegados que estava no evento realizado no início da semana passada, no auditório da Cidade da Polícia, na Zona Norte.

Ao DIA, Emiliano explicou que não teve a finalidade de insultar os delegados e delegadas que participaram da reunião. "Foi só uma força de expressão. Não tive a intenção de ofender ninguém. Disse apenas que não fiz vestibular para Medicina, portanto, não faria transplante de c. No sentido de que não colocaria o meu na reta por ninguém. Fui mal interpretado. Não queria constranger ninguém", explicou.

Linha dura

O atual corregedor está ocupando o cargo pela segunda vez. Em 2011, ele comandou o órgão na operação Dedo de Deus que levou para a cadeia capos do jogo do bicho. A investigação resultou em denúncia do Ministério Público contra 60 pessoas, entre elas policiais e os bicheiros Aniz Abraão David, o Anísio, patrono da Beija-Flor, Luiz Pacheco Drummond, o Luizinho, da Imperatriz Leopoldinense, e Helio Oliveira, o Helinho da Grande Rio.

Nos bastidores, muitos policias classificam como rude o comportamento do corregedor. Mas mal ele sentou na cadeira puniu o policial civil Luiz Carlos Marinho da Silva Júnior com 41 dias de suspensão de suas funções e sem ter direito a receber salário. É que o agente não obedeceu a servidor que trabalhava na Lei Seca para entregar sua moto que estava sem documento. Decidiu sair do local, mas deixou para trás o distintivo da Polícia Civil. Então, a sindicância foi aberta na Corregedoria e agora é 'geladeira' de pouco mais de um mês.

Em nota, a Polícia Civil informou que só vai se pronunciar a respeito do caso de Emiliano ao final das investigações da CGU. Procurada, a CGU, órgão vinculado à Secretaria de Segurança (Seseg), até fechamento desta edição não havia se manifestado sobre o assunto.

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