Assessores parlamentares foram flagrados durante votação. Álbum reúne muita gente em vários lugares para a troca das figurinhas - Montagem / WhatsApp O DIA (98762-8248)
Assessores parlamentares foram flagrados durante votação. Álbum reúne muita gente em vários lugares para a troca das figurinhasMontagem / WhatsApp O DIA (98762-8248)
Por NADEDJA CALADO

Rio - Vez ou outra, flagras como o de assessores da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) trocando figurinhas do álbum da Copa pegam parlamentares distraídos durante o trabalho aparecem no noticiário. Um dos destaques aconteceu na Câmara em Brasília, em agosto do ano passado, envolvendo o deputado federal Wladimir Costa (SD-PA).

Imagens flagraram o deputado trocando mensagens dando lição de moral em uma jovem que teria tirado fotos sensuais: "Mostra, afinal não são suas profissões que a destacam como mulher", enviou o deputado, conhecido por ter feito uma tatuagem temporária com o nome do presidente Michel Temer.

No mesmo mês, na Câmara Municipal de Votorantim, no interior de São Paulo, o vereador Bruno Martins (PSDB) caiu no "gemidão do WhatsApp" no meio do discurso de um colega.

De volta a Brasília, o deputado Jair Bolsonaro foi fotografado, em fevereiro de 2017, passando um sermão no filho através do Whatsapp durante sessão na Câmara. "Papel de filho da p***, irresponsável. Não vou te visitar na Papuda", avisou o parlamentar ao filho e também deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Hoje preso por fraude e irregularidades em licitação, e ainda cumprindo mandato de deputado federal, João Rodrigues (PSD-SC) fez fama em 2015 ao ser flagrado assistindo a um vídeo pornô na Câmara. À época, ele argumentou que recebeu as imagens e assistiu para ver do que se tratava a mensagem.

Deputados se dividem sobre a polêmica das figurinhas

As fotos e um vídeo que mostram os funcionários da Alerj se divertindo enquanto a deputada Martha Rocha (PDT) dava seu voto sobre um projeto que discutia se policiais civis podem dar aulas enquanto estão na instituição dividiram opiniões. As identidades dos profissionais, que trabalhavam nos gabinetes dos deputados Carlos Osório (PSDB) e Tio Carlos (SDD), não foram reveladas.

Ao DIA, o deputado Carlos Osório falou sobre o ocorrido. "Esse tipo de comportamento é inadequado e inaceitável. Já identificamos o assessor e ele foi exonerado por determinação minha", afirmou.

No plenário, a deputada Cidinha Campos (PDT) discursou sobre o assunto. "Coisa muito mais grave acontece nesse plenário e ninguém é sacrificado, porque tem um mandato. Os rapazes não estavam fazendo nada criminoso, eles não são obrigados a ficar ouvindo um monte de discursos chatos, vão morrer se ficarem o tempo todo ouvindo isso", argumentou ela, que ainda classificou a decisão das exonerações como "covardia". No Twitter, o deputado Marcelo Freixo (Psol) também alfinetou: "Grave é trocar figurinhas com a Fetranspor".

Nas redes e nas ruas, a situação também dividiu opiniões. "É uma falta de respeito, ainda mais absurdo se você considerar a situação do Rio atualmente. Quando eu troco no trabalho, é sempre na hora do almoço. É importante separar as coisas", opinou a analista digital Thayanne Porto, 23. A estudante Gabrielle Nunes, 27, ficou em dúvida: "Eles não deveriam fazer isso, mas acho que todo mundo já passou por uma situação parecida. Muitas pessoas, inclusive deputados ficam no celular ou outras coisas durante a sessão e não são exonerados", comentou.

A princípio, no Twitter, a Alerj negou que o episódio tivesse ocorrido durante uma sessão. "A troca de figurinhas não é justificável, mas aconteceu durante um intervalo da sessão dessa quarta-feira que durou mais de 1h", diz a publicação inicial. Após a divulgação do vídeo que mostra a movimentação no auditório, porém, a Casa confirmou, em nota, que o flagra aconteceu durante uma votação.

Para a professora e coordenadora acadêmica da FGV, Anna Cherubina, é importante que a questão seja tratada com seriedade. "Eu diria que isso é um retrato do descaso e falta de comprometimento. A punição foi necessária para que haja limites, esse descaso não é aceitável", afirmou a especialista.

Encontros de troca marcados na internet aceleram a brincadeira

Desde o lançamento do álbum de figurinhas da Copa do Mundo 2018, disponíveis nas bancas desde o dia 18 de março, torcedores não falam em outra coisa. Nas redes sociais, em encontros organizados, entre amigos e, claro, entre colegas de trabalho, o objetivo é trocar os cromos repetidos e completar o álbum o mais rápido possível.

"Comecei a colecionar na última Copa do Mundo e me animei a fazer nessa de novo. Já troquei de todas as formas: em encontros físicos, com os amigos, no trabalho... Se passou menos de um mês, e agora só faltam 161 para completar!" contou Thayanne Porto.

Nesta 13ª edição do álbum, são 682 figurinhas para completar a coleção, que retratam jogadores os mais prováveis para escalação na competição , escudos, estádios e outras figuras temáticas do evento mundial. Cada envelope com cinco figurinhas custa R$ 2 nas bancas, o dobro do preço da última edição, de 2014. Já o livro, de capa dura, custa em torno de R$ 50.

"Troco com colegas de faculdade e do estágio, com um primo e também faço parte de um grupo no Facebook só para isso. Agora pretendo ir em algum encontro pessoalmente. Já colecionei em várias Copas, é muito legal!", contou animada Gabrielle Nunes.

Ainda faltam 9 semanas e 8 dias para a abertura da Copa do Mundo de 2018, com a disputa entre a seleção anfitriã, a Rússia, e o time da Arábia Saudita, no Estádio Luzhniki, em Moscou. E mesmo há tanto tempo do esperado dia 14 de junho, teve quem já tenha completado o álbum de figurinhas e esteja tentando lucrar com a façanha. No site de vendas Mercado Livre, os álbuns já completos, com todas as figurinhas, chegam a ser anunciados por preços que vão até R$ 500.

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