Rio - O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) realiza, nesta terça-feira, uma audiência de custódia com os milicianos presos na Operação Medusa, deflagrada no último fim de semana. Por questões de segurança, será usado o sistema de videoconferência. Na audiência de custódia, será avaliada a legalidade das prisões em flagrante e também se há necessidade de mantê-las.
De acordo com o TJRJ, são 159 presos. O número diverge dos 149 - incluindo sete menores apreendidos - que havia sido anunciado anteriormente pela Polícia Civil. A Operação Medusa foi considerada a maior ação voltada para o combate às milícias no Rio de Janeiro. Além das prisões, houve apreensão de 13 fuzis, 15 pistolas, quatro revólveres, um simulacro de fuzil, carregadores, uma granada, munição, dez veículos roubados, algemas e simulacros de fardas.
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A abordagem aos criminosos ocorreu em um sítio onde os milicianos participavam de um pagode na madrugada de sábado (7). Cerca de 40 policiais civis que atuaram na operação foram recebidos a tiros por seguranças de Wellington da Silva Braga, o Ecko, apontado como chefe da milícia. Ele estava no local, mas conseguiu fugir. No confronto, quatro seguranças da organização criminosa morreram. Nenhum policial foi ferido.
Presos em flagrante, os milicianos foram levados para a Cidade da Polícia, na zona norte do Rio de Janeiro. Ontem, eles foram transferidos para sistema penitenciário de Bangu, na Zona Oeste. Também ontem, uma decisão tomada durante o plantão judiciário do TJRJ converteu em prisões preventivas todas as prisões em flagrante.
“Importante frisar que, embora muitos envolvidos relatem que apenas se encontram participando de uma festa paga, os relatos dos policiais se apresentam de forma homogênea quando declaram que não havia qualquer tipo de bilheteria ou profissionais ligados a realização de eventos, pelo contrário, o que se viu foram homens armados de fuzis, aparentemente, realizando a segurança e controle de acesso ao local”, diz a decisão.
Liga da Justiça
De acordo com a Polícia Civil, os presos são ligados ao grupo conhecido como Liga da Justiça, a maior milícia do estado. Entre eles, há sete agentes de segurança, dos quais dois soldados do Exército, um da aeronáutica e um bombeiro. Baseado no bairro de Campo Grande, na zona oeste da capital, o grupo tem suas atividades expandidas para outros municípios.
Além de cometer assassinatos e cobrar de moradores taxas ilegais de segurança e de sinal de TV, os milicianos já haviam fechado acordos com traficantes para a venda de drogas e o roubo de cargas nos territórios sob seu controle. Eles também obtêm recursos com a venda de botijão gás e com a exploração ilícita de serviços de transporte.