Pega de surpresa, a aposentada Cleuza Ribeiro recorreu a parentes para ter água em casa - Fotos Daniel Castelo Branco
Pega de surpresa, a aposentada Cleuza Ribeiro recorreu a parentes para ter água em casaFotos Daniel Castelo Branco
Por NADEDJA CALADO

Rio - Moradores de vários bairros do Rio ficaram sem água desde o início desta semana. A interrupção ocorreu devido à manutenção emergencial em uma adutora na Estrada Intendente Magalhães, em Campinho. De acordo com a Cedae, a tubulação abastece a Zona Norte, mas moradores de bairros vizinhos na Zona Oeste, como Vila Valqueire e Deodoro, também foram afetados. Segundo especialistas, clientes deveriam ser avisados pela imprensa ou pela Internet.

Consumidores reclamam que a concessionária não avisou sobre a interrupção. A empresa alega que não houve aviso por se tratar de manutenção emergencial. No entanto, o serviço começou a ser realizado na manhã de segunda-feira e, em alguns bairros, só começou a faltar água à noite. Muitos alegam que, se o problema fosse divulgado de manhã, as pessoas economizariam durante o dia para não faltar. Mas, sem aviso, o consumo foi normal e as torneiras começam a secar à tarde e à noite.

Em um prédio residencial em Madureira, os 240 moradores em 80 apartamentos, foram pegos de surpresa. "Ninguém sabia o que estava acontecendo. Ficamos só com a água de beber que tínhamos na geladeira", contou Marta Camacho, a síndica. "Na minha casa, por exemplo, fiquei sem água até para o banho da minha mãe, idosa, que acabou de ter alta do hospital", contou a subsíndica do edifício, Margarida da Silva.

A costureira aposentada Cleuza Ribeiro, de 76 anos, foi buscar água em casa de parentes. "Estou esperando minha nora, que vai sair de uma cirurgia, e a casa ficou sem água. Falta até para fazer comida e eu e meus animais de estimação bebermos", contou a moradora de uma casa no bairro de Irajá.

Por causa da falta de aviso, antes de ser divulgada uma previsão para o restabelecimento da água, síndicos chegaram a fazer orçamento e autorizar a contratação de caminhões-pipa. Na Zona Norte, os valores giram em torno de R$ 350 por 10 mil litros de água, ou cerca de R$ 650 com 20 mil litros.

O reparo na tubulação em Campinho foi finalizado ontem por volta das 6h, e a Cedae informou que o abastecimento seria normalizado gradativamente até o fim do dia. No entanto, alguns moradores disseram ter sido informados pela concessionária, ao ligar para saber detalhes, que o retorno completo da água poderia demorar até 72 horas.

Aviso até em emergência
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A advogada da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) Livia Coelho, explicou que as concessionárias devem avisar sobre interrupções mesmo em casos emergenciais. "Abastecimento de água é um serviço essencial. Pode haver a interrupção, mas é fundamental que seja avisado para moradores se prepararem", afirmou. "Certamente, se tivessem disparado um aviso na imprensa e na internet, teria sido amplamente divulgado. A comunicação falhou", considerou o advogado especialista em direito do consumidor José Alfredo Lion. Nas redes sociais, moradores se queixaram da falta de informação. "Não tem nenhuma explicação no site da Cedae. Soube da previsão de retorno da água pelas notícias", postou internauta.
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