Rio - Após cerca de 15 horas de audiência de custódia, o Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) decidiu manter, na madrugada desta quarta-feira, a prisão preventiva das 159 pessoas presas em uma operação policial de combate à milícia em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, ocorrida no último sábado. A audiência foi realizada no Fórum do Centro do Rio através de videoconferência e todos custodiados estavam representados por advogados ou pela Defensoria Pública.
Por conta do grande número de custodiados que aguardavam para serem ouvidos do Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio, onde estão presos, eles foram apresentados à juíza em grupos de cerca de 20 pessoas por vez.
Familiares de muitos presos fizeram um protesto na porta do Fórum e cantaram o Hino Nacional durante a audiência. Alguns gritavam "justiça" e fizeram orações. Quanto a sentença foi dada, muitos se desesperaram.
O Plantão Judiciário converteu a prisão em flagrante dos acusados em preventiva. Na operação, foram apreendidas 24 armas (fuzis, pistolas e revólveres), granada, 76 carregadores e 1.265 munições, além de 11 carros roubados. Muitos familiares defendem que alguns presos não têm envolvimento com o crime e que estavam apenas curtindo a festa, que eles alegam que teve venda de ingressos.
A Operação Medusa foi considerada a maior ação voltada para o combate às milícias no Rio de Janeiro. A abordagem aos criminosos ocorreu em um sítio onde milicianos participavam de um pagode na madrugada de sábado. Cerca de 40 policiais civis que atuaram na operação foram recebidos a tiros por seguranças de Wellington da Silva Braga, o Ecko, apontado como chefe da milícia. Ele estava no local, mas conseguiu fugir. No confronto, quatro seguranças da organização criminosa morreram. Nenhum policial foi ferido. Presos em flagrante, os milicianos foram levados para a Cidade da Polícia, na Zona Norte.
Liga da Justiça
De acordo com a Polícia Civil, os presos são ligados ao grupo conhecido como Liga da Justiça, a maior milícia do estado. Entre eles, há cinco agentes de segurança, dos quais três soldados do Exército, um da aeronáutica e um bombeiro. Baseado no bairro de Campo Grande, na Zona Oeste, o grupo tem suas atividades expandidas para outros municípios.
Além de cometer assassinatos e cobrar de moradores taxas ilegais de segurança e de sinal de TV, os milicianos já haviam fechado acordos com traficantes para a venda de drogas e o roubo de cargas nos territórios sob seu controle. Eles também obtêm recursos com a venda de botijão gás e com a exploração ilícita de serviços de transporte.