Rio - Manter o ex-governador Sérgio Cabral, condenado a 100 anos, sem luxo na cadeia, virou questão de honra para o Ministério Público (MP) e a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). Terça-feira um dia antes do político, que estava no Paraná, aterrissar no Rio o secretário da pasta, David Anthony, inspecionou a Penitenciária Pedrolino Werling de Oliveira, Bangu 8, além de outras duas unidades, no Complexo de Gericinó. Ontem, peritos do MP foram a Bangu 8 para verificar se o sistema de câmeras da unidade, reforçado com novos equipamentos, está adequado.
Enquanto a vigilância em Cabral aumentou, os advogados dele, Rodrigo Roca e Renata Azevedo, pediram ontem ao juiz Rafael Estrela, da Vara de Execuções Penais, a transferência do cliente para Benfica. A unidade foi construída para presos da Lava Jato e tornou-se campeã de mordomias que levaram à queda do então secretário coronel PM Erir Ribeiro.
No documento, os defensores alegam que a decisão do Supremo Tribunal Federal cassou a determinação da Justiça Federal que permitia que ele ficasse no Complexo Médico Penitenciário de Pinhais, no Paraná. Portanto, teria que ser devolvido para Benfica. O magistrado encaminhou o pedido para que o MP se manifeste.
Para a defesa, Cabral foi surpreendido com o fato da Seap ter escolhido Bangu 8, sob o argumento de que ele foi sentenciado em cinco processos. "É notório o número de presos já sentenciados que permanecem na unidade de Benfica", alegaram os advogados em um dos trechos. Eles disseram ainda que, ficando em Bangu 8, Cabral sofrerá retaliações de milicianos e ex-policiais que ajudou a punir.
Frango à duque
Em uma cela sozinho em galeria vazia, Cabral ontem estava calmo. No almoço, mal tocou no feijão, arroz, frango ao molho duque e legumes. Na internet, frango à duque é um pomposo prato português com vinho do porto e cogumelos. Mas agentes da Seap garantiram que, na cadeia, os ingredientes eram bem brasileiros e muito longe das iguarias da receita portuguesa.