A felicidade da caloura do curso de Pedagogia Julia Mazzoni - Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
A felicidade da caloura do curso de Pedagogia Julia MazzoniDaniel Castelo Branco / Agência O Dia
Por NADEDJA CALADO

Rio - Eufóricos e cobertos de tinta, dezenas de calouros da Uerj passaram esta quarta-feira pedindo o dinheiro do trote no campus Maracanã. A Universidade iniciou dois semestres letivos atrasados - 2017.2 e 2018.1 - concomitantemente, e os ingressantes de ambos os períodos começaram a vida acadêmica juntos, nesta quarta. "Foi uma estratégia para regularizar o calendário acadêmico e também evitar a evasão dos estudantes convocados. É uma inovação, uma conquista da comunidade acadêmica da Uerj. A Universidade investiu tudo para apostar nesse projeto", afirmou a subreitora de graduação Tânia Carvalho Netto.

A estudante Julia Mazzoni, 21, celebrou sua entrada na Uerj. "Fui aprovada para o segundo semestre do ano passado e estava desanimada em casa. Agora estou super feliz, com esperança de que não vai mais ter greve, o pessoal daqui está recebendo os salários. Vai ser um semestre corrido, mas estamos animados", disse ela, que vai cursar Pedagogia na instituição. Veteranas do mesmo curso concordaram: "Até os professores estão mais otimistas, parece que agora tudo vai começar de vez. Assistindo as aulas, vendo as palestras, as atividades, é impossível não se apaixonar pela faculdade", declarou a estudante Clarissa Garcia, 22. "Mesmo com a crise, o ensino ainda é referência, de qualidade, com uma grade completa. Muitos alunos tiveram que desistir, foi muito difícil no começo. Mas agora que fiquei, entendo por que as pessoas lutam tanto pela Uerj", concordou a aluna Rachel Romão, 20.

De acordo com a subreitora Tânia Carvalho Netto, a medida garante que o calendário acadêmico da Universidade será regularizado em 2019. "Foram feitos todos os esforços para contornar os possíveis impasses que essa solução possa apresentar, todo esse esforço foi idealizado pensando os nossos estudantes, que são nossa maior razão de ser. Boas-vindas a todos, veteranos e calouros!", diz a subreitoria, em nota.

Recém-doutor em Sociologia pela Uerj, André Carvalho, 45, fez sua pós-graduação em meio às greves. "Isso quebra o ritmo de quem desenvolve pesquisa, fiquei seis anos aqui e agora estou fechando o ciclo com esperança de dias melhores para a Universidade. Valeu muito fazer o doutorado na Uerj e agora é torcer pela manutenção das universidades públicas, gratuitas e de qualidade", disse ele, que também é professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

Passando pela maior crise financeira de sua história, a Uerj ainda é a décima universidade brasileira que mais produz conhecimento científico, segundo ranking divulgado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). "Para mim ainda é a melhor do Rio, estudar aqui é um motivo de orgulho imenso. Inclusive porque minha família era moradora da Favela do Esqueleto, removida para a construção desses prédios", disse, na fila do bandejão, o estudante Gabriel Bittencourt, 22, estudante de Medicina. Em 2018, a Uerj completará 68 anos de existência.

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