Rio - O anúncio de que a Prefeitura estuda acabar com o Centro Presente preocupou quem frequenta a região. O aumento na sensação de segurança após a implementação do programa, que conta com 522 agentes reforçando o policiamento do bairro, é unanimidade.
"E não é só a sensação, é a realidade. Nunca mais vi assalto aqui, antigamente via todo dia", disse o dono de uma banca de jornal da Praça XV, Marcos Cosme, 45. Ele já teve sua banca arrombada há cerca de cinco anos, antes do início do programa, que data de julho de 2016. "Hoje as pessoas vêm e vão tranquilas para as barcas, isso é importante para o trabalhador mas também por ser um local turístico", comentou.
O casal Maurício dos Santos, 42, e Vilma Paula, 38, aproveitou a pausa no trabalho para fotografar no cenário de prédios antigos que margeiam a Praça XV. A presença de uma base do Centro Presente diminui o medo de ficar com o celular na mão: "A situação está complicada, violência descontrolada, às vezes até os policiais são vítimas. Sem eles, com certeza o que já é complicado ficaria pior ainda", disse ele.
O comerciante Luiz Carlos de Oliveira Barros, 65, disse que esperava melhorias no programa e foi surpreendido pela possibilidade do fim. "Trabalho em feiras do Centro há mais de dez anos. Melhorou muito, mas ainda tem muitos problemas. Hoje mesmo me distraí e furtaram meu celular. Imagina se não tivesse o policiamento? Não dá para tirar, tem que colocar ainda mais", afirmou.
A proposta da prefeitura é de substituir o Centro Presente, cujo contrato de patrocínio da prefeitura e do Sesc RJ termina dia 30, por uma nova base do programa Rio+Seguro, esquema municipal que hoje funciona em Copacabana e no Leme. O prefeito Marcelo Crivella justificou a medida por questões financeiras: "O nosso projeto custa R$ 850 mil. Gostaríamos de implementar no Centro, onde o programa custa R$ 4 milhões (por mês)".
Os dois programas são reforçados por policiais militares de folga. Enquanto no Rio+Seguro eles trabalham com agentes da Guarda Municipal (dentro da escala de trabalho), no Centro Presente há agentes civis egressos das forças armadas. Esses agentes civis planejam fazer uma manifestação em frente ao prédio da prefeitura, na Cidade Nova, na próxima terça-feira, às 10h.
"A viabilidade de levar o programa ao Centro depende muito do planejamento, de como vai ser pensada a operação. Mas é fundamental que haja um programa de segurança hoje no Centro, a população conta muito com isso", afirma o coordenador do programa Rio Seguro, Capitão Hugo Coque.
O prefeito também disse que a economia de recursos gerada pela substituição pode viabilizar um reforço na segurança nos bairros do Catete, Laranjeiras e Cosme Velho: "É uma área que está me preocupando muito. Ali está tendo muito bandido de rua, assaltantes, e precisamos tomar providências".