Na Aldeia Maracanã, o Museu do Índio está com muitas rachaduras 
 - Foto: Daniel Castelo Branco
Na Aldeia Maracanã, o Museu do Índio está com muitas rachaduras Foto: Daniel Castelo Branco
Por CÁSSIO BRUNO

Rio - Copa do Mundo no Brasil passou. Os Jogos Olímpicos no Rio também. E a Aldeia Maracanã, onde fica o antigo Museu do Índio, continua abandonada até hoje. Um dos símbolos dos protestos de junho de 2013, o local virou rota de fuga para bandidos e foi invadido por usuários de drogas e moradores de rua. A infraestutura do imóvel é precária.

A ideia de criar, no terreno de 14.300 metros quadrados, o Centro de Referência das Culturas Indígenas (com exposições, palestras e venda de artesanatos) não saiu do papel. À época, os custos chegariam a R$ 23,5 milhões.

Com a chegada dos dois importantes eventos esportivos, o governo do estado, proprietário da área após um acordo com a União, quis desocupar o prédio, construído nos tempos do Império. A remoção dos índios causou comoção e desencadeou as manifestações.

A intenção inicial era de que a Aldeia Maracanã fizesse parte das obras de reforma do estádio, com construção de estacionamentos, lojas e praça de alimentação. Para isso, seria necessária a derrubada do antigo Museu do Índio e dos estádios de atletismo e de natação, além de uma escola.

A assinatura do contrato de concessão do Maracanã ocorreu em dezembro de 2013. À época, o consórcio era formado pela empreiteira Odebrecht e pelas empresas de Eike Batista. No entanto, as obras foram alvos da Operação Lava Jato. Houve a descoberta de desvios de milhões de reais. O ex-governador Sérgio Cabral, Marcelo Odebrecht e Eike foram presos.

O projeto empresarial no complexo do Maracanã não foi à frente. A reação popular fez Cabral voltar atrás e prometer a implantação de um centro cultural do índio. Mas, depois dos escândalos de corrupção e da crise financeira do estado, o cenário de abandono permanece a mesmo.

"Não queremos um espaço para agradar turistas. Queremos a Universidade Indígena, com formação de educadores da cultura dos índios e produção de políticas públicas para o nosso povo", afirmou Dário Jurema, de 38 anos, da etnia Xukuru.

No local, vivem hoje apenas dez índios. A maioria saiu após a polêmica desocupação e foi morar em imóveis do Minha Casa, Minha Vida. O grupo que ocupa, em condições precárias, o terreno ainda briga na Justiça Federal pela reintegração de posse.

Em dezembro de 2013, o índio José Urutau chamou a atenção do país. Ele ficou em cima de uma árvore por pelo menos 26 horas. Foi um protesto contra a desocupação da Aldeia Maracanã.

Museu tem rachaduras e infiltrações
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Construído em 1862, o prédio do antigo Museu do Índio está em ruínas. Rachaduras e infiltrações, entre outros problemas, comprometem a estrutura do imóvel. Apesar do cenário de filme de terror, o local atrai turistas, estudantes e curiosos.
A professora de geografia Viviane de Oliveira, de 34 anos, levou 15 alunos do Ciep Federico Felini, em Tomaz Coelho, para conhecer os índios.
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"A intenção é ajudar na formação dos estudantes. Ajudar na luta por uma sociedade mais justa", afirmou ela.
A Secretaria estadual de Cultura informou estar "em processo de celebração de acordo de cooperação com uma instituição cultural, de pesquisa e desenvolvimento científico para elaborar um programa de uso do imóvel". A pasta não deu prazos.
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