Rio - Aos poucos cai por terra a política de segurança do estado de manter traficantes e milicianos perigosos longe do Rio. Vão aterrissar em breve em Bangu 1, presídio de segurança máxima, no Complexo de Gericinó, Adair Marlon Duarte, o Aldair da Mangueira, Sandro Batista Rodrigues, o Naíba, do Comando Vermelho; e Márcio da Silva Lima, o Tola, do Terceiro Comando Puro.
Desde março do ano passado, outros 29 mandados para presídios federais retornaram, entre eles um dos chefes do clã Liga da Justiça o mais influente grupo de paramilitar da Zona Oeste, o ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, que está no presídio Bandeira Stampa, em Bangu. Outro que também aportou por aqui é o traficante Celso Luís Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém.
Apesar das figuras carimbadas de perigosas pela Secretaria Estadual de Segurança, que informou nesta terça através de sua assessoria de imprensa, que não se pronunciaria sobre o assunto, o juiz da Vara de Execuções Penais, Rafael Estrella Nóbrega, alegou, em nota oficial, que os de altíssima periculosidade ainda estão em unidades federais.
Falta de motivos
Estrella não poupa o Ministério Público e a Secretaria de Segurança sobre o retorno dos criminosos. Alega que os dois órgãos não apresentaram novos motivos que justificassem a permanência do grupo em unidades federais. "Todos estão fora do estado desde 2016, muitos até há bem mais tempo. E a Lei 11.671/2008 determina que a renovação não ultrapasse 360 dias", argumentou em um dos trechos.
Segundo o Tribunal de Justiça, dos detentos que tiveram a renovação negada, pelo menos dez não possuem nem denúncia apresentada pelo Ministério Público. Foram transferidos para presídios federais com base em suspeitas. "Foi o episódio de uma suposta festa ter sido realizada na cadeia para comemorar a ação de criminosos que resgataram o traficante Fat Family (Nicolas Labre Pereira de Jesus) do Hospital Souza Aguiar, internado sob custódia em 2016. Não há processos tramitando na Justiça sobre esse caso", exemplificou o magistrado na nota divulgada pela Justiça.
Para Antonio José Campos Moreira, procurador de Justiça, do Ministério Público, há conflitos também entre os juízes do estado e os juízes federais. "Geralmente, essas questões sobre o destino dos internos são decididas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Muitas vezes, o preso volta", analisou. Embora a volta de Aldair da Mangueira, Naíba e Tola já estejam definidas, a transferência para a cidade ainda depende de ser organizada pelo Departamento Penitenciário Nacional, do Ministério da Justiça, e o estado ainda não foi informado.