Alexandre de Azeredo Coutinho, conhecido como Tioco, foi preso em Cabo Frio, na Região dos Lagos - Divulgação
Alexandre de Azeredo Coutinho, conhecido como Tioco, foi preso em Cabo Frio, na Região dos LagosDivulgação
Por O Dia

Rio - A Polícia Civil, através de sua corregedoria, e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), deflagaram, nesta segunda-feira, uma operação para desarticular um grupo que que atua na prática do Jogo do Bicho e em outras atividades ilícitas em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. A ação, batizada de Saigon, conta também com a Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública (SSINTE) e busca cumprir 23 mandados de prisão e 35 de busca e apreensão. Até o momento, 17 pessoas foram presas. Ao todo, 53 integrantes do grupo foram denunciados, entre eles policiais civis e militares.

A organização era liderada pelos irmãos Luis Anderson Azeredo Continho e Alexandre de Azeredo Coutinho. Os dois foram presos nesta manhã. Na casa de Luis Anderson, na Rua Marquês de Paraná, em Icaraí, os policiais encontraram quase R$ 50 mil em espécie e jóias, muitas delas de ouro. Alexandre, conhecido como Tioco, foi preso em Cabo Frio, na Região dos Lagos. A matriarca do Jogo do Bicho, Dona Renee, faleceu durante as investigações.

O controle do jogo do Bicho já era uma "herança de família", de acordo com o delegado da Corregedoria Interna da Polícia Civil. "Essa organização, comandada pelos irmãos Luiz Anderson e Alexandre Coutinho, já atuava há cerca de dez anos. Mas ela é mais antiga, pois eles herdaram o controle dos pontos de aposta da Dona Renee. São três gerações responsáveis pelo esquema", disse.  Ainda de acordo com o delegado, o crime só se mantinha em funcionamento devido a participação de policiais. "A organização não existiria sem participação do servidor público", apontou.

A organização tem cerca de 300 pontos de aposta, com movimentação financeira mensal superior a R$ 10 milhões. O grupo corromperia funcionários públicos, especialmente, agentes da Força de Segurança, para viabilizar a prática do Jogo do Bicho e outras apostas na cidade. Entre os alvos da ação estão dois policiais civis da ativa — lotados na 75ª DP (Rio do Ouro) e 82ª DP (Maricá), dois policiais civis aposentados e mais dois expulsos; quatro PMs da reserva e outros dois que foram excluídos da corporação.

Parte das jóias e dinheiro encontrados na casa do bicheiro Luis Anderson - Reprodução vídeo / Divulgação

A denúncia aponta que a organização funcionava graças ao trabalho de policiais e ex-policiais, que garantiam, mediante o pagamento de propina, que instituições públicas não atuassem na repressão do jogo. Ao menos oito policiais e ex-policiais militares e três policiais e ex-policiais civis integravam a estrutura criminosa, a maioria atuava como segurança ou cobrador.

A denúncia narra que o policial civil aposentado Allan Kardec Silva Menezes era o elo entre os criminosos e as delegacias de polícia. Ele aproveitava sua condição de policial civil aposentado para transitar pelas unidades de polícia judiciária – unidade responsável por reprimir a prática da contravenção do Jogo do Bicho.

A organização ainda oferecia plano de saúde aos seus funcionários, além de contar com setor de tesouraria, responsável pelo escritório de contabilidade. Como forma de intimidação, utilizavam armas de fogo.

Presos contra grupo que explorava o jogo do bicho em São Gonçalo - Estefan Radovicz / Agência O Di

Além da denúncia por formação de organização criminosa e peculato, o MPRJ requisitou ainda o bloqueio das contas bancárias dos integrantes do alto escalão da organização.

 

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