![Alexandre de Azeredo Coutinho, conhecido como Tioco, foi preso em Cabo Frio, na Região dos Lagos - Divulgação](https://odia.ig.com.br/_midias/jpg/2018/08/13/1200x670/1_whatsapp_image_2018_08_13_at_09_14_37-7642140.jpeg)
Rio - A Polícia Civil, através de sua corregedoria, e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), deflagaram, nesta segunda-feira, uma operação para desarticular um grupo que que atua na prática do Jogo do Bicho e em outras atividades ilícitas em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. A ação, batizada de Saigon, conta também com a Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública (SSINTE) e busca cumprir 23 mandados de prisão e 35 de busca e apreensão. Até o momento, 17 pessoas foram presas. Ao todo, 53 integrantes do grupo foram denunciados, entre eles policiais civis e militares.
A organização era liderada pelos irmãos Luis Anderson Azeredo Continho e Alexandre de Azeredo Coutinho. Os dois foram presos nesta manhã. Na casa de Luis Anderson, na Rua Marquês de Paraná, em Icaraí, os policiais encontraram quase R$ 50 mil em espécie e jóias, muitas delas de ouro. Alexandre, conhecido como Tioco, foi preso em Cabo Frio, na Região dos Lagos. A matriarca do Jogo do Bicho, Dona Renee, faleceu durante as investigações.
O controle do jogo do Bicho já era uma "herança de família", de acordo com o delegado da Corregedoria Interna da Polícia Civil. "Essa organização, comandada pelos irmãos Luiz Anderson e Alexandre Coutinho, já atuava há cerca de dez anos. Mas ela é mais antiga, pois eles herdaram o controle dos pontos de aposta da Dona Renee. São três gerações responsáveis pelo esquema", disse. Ainda de acordo com o delegado, o crime só se mantinha em funcionamento devido a participação de policiais. "A organização não existiria sem participação do servidor público", apontou.
A organização tem cerca de 300 pontos de aposta, com movimentação financeira mensal superior a R$ 10 milhões. O grupo corromperia funcionários públicos, especialmente, agentes da Força de Segurança, para viabilizar a prática do Jogo do Bicho e outras apostas na cidade. Entre os alvos da ação estão dois policiais civis da ativa — lotados na 75ª DP (Rio do Ouro) e 82ª DP (Maricá), dois policiais civis aposentados e mais dois expulsos; quatro PMs da reserva e outros dois que foram excluídos da corporação.
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A denúncia aponta que a organização funcionava graças ao trabalho de policiais e ex-policiais, que garantiam, mediante o pagamento de propina, que instituições públicas não atuassem na repressão do jogo. Ao menos oito policiais e ex-policiais militares e três policiais e ex-policiais civis integravam a estrutura criminosa, a maioria atuava como segurança ou cobrador.
A denúncia narra que o policial civil aposentado Allan Kardec Silva Menezes era o elo entre os criminosos e as delegacias de polícia. Ele aproveitava sua condição de policial civil aposentado para transitar pelas unidades de polícia judiciária – unidade responsável por reprimir a prática da contravenção do Jogo do Bicho.
A organização ainda oferecia plano de saúde aos seus funcionários, além de contar com setor de tesouraria, responsável pelo escritório de contabilidade. Como forma de intimidação, utilizavam armas de fogo.
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Além da denúncia por formação de organização criminosa e peculato, o MPRJ requisitou ainda o bloqueio das contas bancárias dos integrantes do alto escalão da organização.