Vânia ao lado do marido, Carlos Alberto - Divulgação
Vânia ao lado do marido, Carlos AlbertoDivulgação
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - A Polícia Militar emitiu, nesta terça-feira, uma nota sobre o caso envolvendo Vânia Silva Tibúrcio Lopes, baleada no pescoço por um cabo da PM em Duque de Caxias, na noite desta segunda-feira. Através de sua assessoria, se defendeu dizendo que os policiais "estavam capacitados" e que foram induzidos a "achar que se tratava de uma tentativa de fuga" quando o carro arrancou após o marido da vítima desembarcar com a veículo engrenado.

"O veículo, conduzido pelo marido da vítima, constava como roubado desde abril e, possivelmente por esse fato, não obedeceu a ordem de parar e tentou fugir da equipe. O veículo foi perseguido e interceptado por outras viaturas em seguida num sinal luminoso. O motorista desembarcou com o veículo ligado e engrenado. O carro, em movimento, quase atropelou um dos policiais, induzindo a guarnição a achar que se tratava de uma tentativa de fuga ao bloqueio por supostos outros ocupantes. Foi quando houve o disparo", afirma a PM na nota, com base nas "primeiras informações da com base em depoimento dos policiais na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). 

O marido de Vânia, Carlos Alberto Lopes Júnior, contesta a versão e chama a PM de mentirosa. Segundo ele, não houve abordagem em blitz, e, além de tudo, havia uma documentação que provava que o carro não era roubado.

"Em momento nenhum os policiais pediram pra eu parar. Não tinha blitz, não teve ordem de parada. Não existe essa história de tentar fugir do local. Uma outra viatura já chegou me fechando, apontando a arma pra mim, eu coloquei a mão na cabeça, pedi calma. O carro deu um tranco porque o meu pé saiu da embreagem quando atiraram pela primeira vez. O PM tava do meu lado, não existe essa história de que eu quase atropelei um PM. Não furei blitz porque não tinha blitz. Não tentei fugir porque não recebi ordem de parada. Eles me fecharam e atiraram", esclarece. 

Mesmo disparando contra a mulher no pescoço, a Polícia Militar disse que os policiais são preparados. "Vale ressaltar que os policiais que participavam da blitz cursaram recentemente Estágio de Aplicações Táticas, aprimoramento técnico ministrado pelo Comando de Operações Especiais da Polícia Militar. Portanto, estavam capacitados para cumprir missões em blitz, mesmo em condições adversas."

"Eles viram no sistema que o carro era roubado e fizeram isso. Porque eles não me pediram o documento? Ele veriam que o carro não era roubado. Porque eles não me pararam quando eu tava no mercado? No posto? Tem câmera lá", desabafa. "Eles são mentirosos, o PM até me pediu desculpas e agora eles estão com essa história", finaliza. 

Segundo Carlos Alberto, o carro tinha sido roubado no dia 29 de abril. No dia seguinte, o registro de ocorrência foi feito, mas no mesmo dia o veículo foi recuperado. O marido de Vânia retornou na delegacia para se informar como deveria fazer para voltar a rodar com o carro.

“Para voltar a rodar com o carro eu tinha que ir no Pátio Legal, era só lá que dava baixa no documento de roubo. Naquela época eu estava sem dinheiro e resolvi deixar o carro guardado. Agora eu juntei um pouco, paguei os Dudas, e ia lá. A Polícia Civil me deu um boletim de ocorrência e falaram pra apresentar no Pátio Legal. Se eu fosse parado por uma viatura era pra eu apresentar esse documento, falar que o carro era meu e eu estava indo regularizar”, conta Carlos Alberto.

A Polícia Militar também disse que a Corregedoria da Corporação acompanha o inquérito instaurado pela Polícia Civil, assim como abriu procedimento interno para apurar as circunstâncias em que Vânia foi baleada.

  

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