Marcela é mulher de confiança de Fábio Henrique de Farias, o Tinésio, líder do PCC no Rio e preso em junho deste ano na Rodoviária Novo RioDivulgação

Por RAFAEL NASCIMENTO
Rio - A Polícia Civil faz uma megaoperação na manhã desta quarta-feira no Complexo do São Carlos, na Região Central do Rio, com o objetivo de cumprir 30 mandados de prisão contra traficantes ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC). A investigação, da Delegacia de Combate às Drogas (Decod) aponta que a facção paulista apoiava logisticamente criminosos da região para tomar o comando do tráfico no São Carlos e também na Favela da Rocinha, em São Conrado, além de fornecer drogas. Treze pessoas foram presas.
A investigação começou no ano passado, com o monitoramento de criminosos do Primeiro Comando da Capital (PCC) que auxiliava a quadrilha do Rio na guerra da Rocinha. Um dos presos é Marcela Chagas, que segundo as investigações é integrante do PCC e mulher de confiança de Fábio Henrique de Farias, o Tinésio, líder da facção paulista no Rio, preso na Rodoviária Novo Rio em junho deste ano. Após a prisão dele, ela assumiu a liderança e era o principal alvo da ação de hoje. 
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Ela seria responsável por boa parte da negociações de drogas, armas e munições para o Terceiro Comando Puro (TCP), abastecendo diversas comunidades do estado. Chamou a atenção também durante o monitoramento dos criminosos a participação de mulheres na alta cúpula da quadrilha. 
A operação foi batizada de "Fractions" (fração em português). A Decod contra com o apoio de mais de 10 delegacias especializadas e com mais de 250 homens. A operação está concentrada nas comunidade do São Carlos, Querosene e Mineira, mas também houve ações em Angra dos Reis, Macaé, Itaboraí, Vila Aliança e Maré. Desde as primeiras horas do dia, moradores relatam troca de tiros na região. Dois helicópteros e vários blindados dão apoio na ação. Os presos estão sendo levados para a Cidade da Polícia, no Jacaré.

Operação que mira PCC no Rio cumpre 30 mandados de prisão, inclusive contra criminosos já presos - Divulgação
Operação que mira PCC no Rio cumpre 30 mandados de prisão, inclusive contra criminosos já presosDivulgação

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Moradora fica encurralada após tiros a esmo de 'caveirão voador'
Ao DIA, uma moradora relatou que ficou encurralada no momento que saía de casa, no São Carlos. Segundo a empregada doméstica, que trabalha na Zona Sul, um dos helicópteros da Polícia Civil estava atirando a esmo para o chão quando ela passava para ir para o trabalho em Botafogo, na Zona Sul, por volta das 6h.
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"Eu estava saindo de casa quando fui surpreendida com um helicóptero dando muito tiro na direção da comunidade. Eu fiquei presa entre um beco e outro sem poder sair ou voltar para casa. Por sorte, uma vizinha me abrigou em sua casa", contou.
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"Eu liguei para avisar os meus patrões. Operações nesse horário é muito ruim, pois é hora de irmos trabalhar e as crianças irem para a escola. Muita criança vai sozinha para a aula e acaba passando por esse tipo de situação e não sabem como proceder. Esses tiros estavam indo em direção ao moradores porque bandidos não tinham mais ali", criticou.
Vídeos que estão sendo postados pela página Onde Tem Tiroteio (OTTRJ) mostram os helicópteros blindados sobrevoando o Complexo do São Carlos e muitos tiros são escutados. A ação é coordenada pelo delegado Felipe Curi, o mesmo que comandou a ação no Complexo da Maré, em junho deste ano, quando morreu baleado Marcos Vinícius da Silva, de 14 anos, a caminho da escola. Segundo a família, o menino disse que o disparo foi feito por um caveirão.
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Moradores e organizações de direitos humanos denunciaram na época também que muitos disparos a esmo foram dados de helicópteros da polícia. Registros de buracos dos tiros no chão foram feitos por quem mora na Maré.