Base da UPP São Carlos é retirada - Divulgação
Base da UPP São Carlos é retiradaDivulgação
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - A operação policial no Complexo do São Carlos, na Região Central da cidade, tem o objetivo de retirar uma das bases da UPP do morro de mesmo nome. A ação, que conta com a participação dos batalhões de Operações Especiais (Bope), de Choque (BPChq) e de Ações com Cães (BAC), teve intenso tiroteio e pelo menos um suspeito foi baleado. 

Segundo a Polícia Militar, o objetivo é colocar em prática "alterações operacionais que foram planejadas pelo Comando de Polícia Pacificadora (CPP) para a Unidade". "Dentre essas alterações está a desmobilização de uma das bases da UPP São Carlos. A Equipe de Demolição Tática (UEDT), do Bope, está retirando essa base", disse em nota.

De acordo com a corporação, as medidas farão que o efetivo seja melhor distribuído, aumentando o reforço no policiamento e a segurança dos policiais. "Esse é o novo desenho operacional de ocupação do terreno", concluiu.

Um suspeito ficou ferido na operação no São Carlos. Ele foi encaminhado ao Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro. Sua identidade ainda não foi revelada e não há informações sobre seu estado de saúde.

Apreensão feita pelo Bope no São Carlos após tiroteio - Divulgação

Tiroteio

Nas redes sociais, moradores relataram tiros no início da operação, por volta das 5h. "Deu para escutar da Rua Mariz e Barros. Muito tiros, muito", informou uma moradora da Tijuca. "Muitos tiros próximo ao Rio Comprido", disse outra, de mais um bairro vizinho. "Novamente fortes emoções. Tá osso viver nessa cidade", lamentou uma terceira.

Morador diz que Bope arrastou seu carro

Um morador do Complexo do São Carlos acordou nesta manhã com diversas mensagens de amigos dizendo que seu carro tinha sido destruído por um 'caveirão' do Bope. Paulo Maximiano de Souza, de 38 anos, é microempresário e trabalha aplicando insulfilmes em veículos e usa o automóvel como meio de trabalho e para levar os filhos na escola.

Segundo ele, o carro, uma Paraty, estava em uma rua sem saída, na localidade da "Caixinha", e virou com a passagem do blindado do Bope. "Deixei o carro estacionado ontem, como todo dia. E hoje às 6h  ui acordado com o pessoal me ligando dizendo o que tinha acontecido. Como tinha muito tiro, não saí de casa e esperei o tiroteio passar. Por volta das 7h, saí e vi a situação do meu carro, que tenho desde 2011 e uso ele para trabalhar e levar meus filhos na escola, em Santa Teresa. Hoje, inclusive, meus filhos estão sem aula e minha filha me disse: 'E agora, papai, como é que vai ser?'. Cheguei a falar com os policiais do Choque, que mandaram falar com o pessoal do Bope, que tinha feito isso", contou Paulo.

Ele criticou a truculência e espera que seja ressarcido do prejuízo. Em um vídeo ao qual O DIA teve acesso, seu automóvel está em dia, com impostos pagos. "É uma sensação muito estranha. Os policiais que deveriam proteger cometem essas arbitrariedades. O carro está todo quebrado e vou ficar no prejuízo? Tem que ter cuidado com os moradores", falou.

Morador teve carro virado e, segundo ele, o caveirão do Bope que arrastou o veículo - Reprodução vídeo / Arquivo pessoal
 

Complexo virou 'QG do PCC'

A UPP São Carlos foi inaugurada em maio de 2011, com o objetivo de levar paz para os 16 mil moradores das comunidades do complexos de favelas, que engloba, além do Morro São Carlos, os morros da Mineira, Zinco e Querosene, as as localidades Azevedo Lima, Clara Nunes e Favela do Rato. No entanto, sete anos depois, os moradores das favelas e bairros que a englobam ainda vivem sob intensos tiroteios e disputadas territoriais entre traficantes rivais. 

Atualmente, a comunidade é o Quartel General da facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) no Rio. Aliado ao Terceiro Comando Puro (TCP), que atua no Complexo do São Carlos, foi dali que partiram os traficantes para tentarem tomar a favela Rocinha, em setembro no ano passado.

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