Página de livro foi encontrada por vigia em calçada - Reprodução vídeo
Página de livro foi encontrada por vigia em calçadaReprodução vídeo
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - O vigia Felipe Farias da Silva, de 29 anos, encontrou uma página de um documento do Museu Nacional, na manhã desta segunda-feira, em uma calçada na Quinta da Boa Vista, na Zona Norte do Rio. "Estava andando quando vi o papel no chão, no asfalto. Imaginei que era algo importante, para preservar", conta ele, que entregou a folha em inglês, nesta terça-feira. 

Após encontrar o documento, Felipe contou com a ajuda do amigo, o cientista social Felipe Souza, de 32 anos. "Estávamos aqui acompanhando desde a parte da manhã e ele achou documento a uns 300 metros do museu", explica Souza.  "Como o objeto está bastante queimado, corri lá fora comprei uma pasta e envelopei. Entrei em contato com alguns professores da instituição e decidimos que iríamos entregar hoje, não queríamos colocar o documento em risco", completa. 

Segundo o cientista social, é muito importante que os materiais do Museu Nacional sejam entregues à instituição. "Pela quantidade de pessoas que vocês viram aqui, é que elas amam realmente o museu e entregar esse documento aqui é uma sensação muito gratificante. Infelizmente o fogo destruiu esse museu, mas agora vamos tentar reconstruí-lo", finaliza. 

Página de documento do Museu Nacional foi encontrada em calçada - Agência O Dia

Já o vigia diz não ter palavras para descrever o achado. "É uma sensação inexplicável de encontrar um documento oficial do Museu Nacional em meio à destruição", afirma Silva. 

'Aqui foi o primeiro museu que vim na vida'

O clima no Museu Nacional ainda é de muita emoção. A museóloga Ana Clara Marques Lins, de 29 anos, não conteve o choro nesta manhã na Quinta da Boa Vista. Ela foi estagiária da instituição em 2016. “Aqui foi o primeiro museu que vim na vida. Tenho uma paixão muito grande por esse local. Aqui tinha uma diversidade muito grande de materiais ”, lembra Ana Clara.

Ana Claudia Marques - Severino Silva / Agência O Dia

A museóloga torcia para que as chamas não chegassem na parte de trás do museu. “Aqui na frente existiam varias exposições e laboratórios. No entanto, muita coisa estava guardada lá atrás. Se o fogo ficasse só aqui, daria para reconstruir”, acredita. “Ontem, reencontrei muitos amigos e ficamos aqui chorando e relembrando os momentos que passamos aqui. Nós tínhamos a esperança de que o fogo não consumisse tudo. Agora, só ficou a casca”, completa Ana Clara, que queria fazer mestrado de arqueologia no Museu Nacional.

Museu Nacional - Severino Silva / Agência O Dia

Crânio encontrado nos escombros pode ser de Luzia

Um crânio encontrado entre os escombros do que sobrou do Museu Nacional aumentou as esperanças sobre recuperar raridades após a tragédia. Ele pode pertencer à Luzia, o mais antigo fóssil humano encontrado nas Américas, mais precisamente em Minas Gerais, com cerca de 12 mil anos.

O material será analisado por especialistas para saber se realmente é de Luzia. O crânio estava esfarelado e foi encontrado durante a madrugada, no chão do mesmo cômodo onde ficava o fóssil mais antigo encontrado no país. 

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