Museu Nacional  - Divulgação / Guilherme Prado
Museu Nacional Divulgação / Guilherme Prado
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - O prédio do Museu Nacional não possui seguro, de acordo com a vice-diretora, Cristiana Serejo. O incêndio destruiu 90% do acervo do local, entre as obras perdidas está a coleção egípcia. "Não existia aqui no museu e acredito que em nenhum outro museu exista uma brigada de incêndio. Este é um 'custo a mais'. Nenhuma peça era assegurada que eu saiba", afirma. 

De acordo com a vice-diretora, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), responsável pelo museu, gasta R$ 8 milhões só com terceirizados no local. "Infelizmente, a gente sabe a importância de uma brigada de incêndio, mas é muito caro manter lá", comenta. 

Cristina Serejo diz que o Museu Nacional está recebendo várias ofertas de doações, inclusive de instituições estrangeiras. "Vamos começar a fazer uma campanha para receber e reerguer o Museu com as coleções. Temos muitos contatos internacionais e a ideia é receber esse material. Este é o momento de clamor público e estamos nos organizando internamente", afirma. "Recebemos uma ligação da Unesco com oferecimento formal de ajuda", revela a vice-diretora. 

"Foram ofertados acervos de insetos. Recebi hoje o contato de um fóssil de baleia que será doado, que inclusive era material do Museu. Estamos em contato com várias áreas, como de etimologia", declara. "Muitas coisas que estão em outros países são materiais do século XIX como: material de invertebrados, peixes — que foram emprestados aos pesquisadores do século 19 que vieram aqui, coletaram o material e levaram naquela época", completa. 

Acervo recuperado

Segundo a vice-diretora, os materiais, que estão sendo encontrados, são recebidos e catalogados. "Estamos recebendo parceria para saber como vai ser esse tipo de acondicionamento dos materiais encontrados. Não é algo que pode ser de uma hora para outra ou de qualquer jeito", conta a vice-diretora. Uma empresa especializada será contratada para fazer a retirada dos escombros.

Segundo Serejo, a coleção egípcia foi totalmente perdida, mas foram salvos vertebrados, invertebrados, herbários (exsicatas, mas de 500 mil plantas), o acervo de 500 mil livros da biblioteca central — que fica no prédio anexo, alguns meteoritos, além de itens do Departamento de Paleontologia e Antropologia ainda não contabilizados. Entretanto, a Biblioteca Francisca Keller, de Antropologia Social, que ficava no prédio incendiado foi totalmente destruída, salvando somente o que estava emprestado. Ela não soube dizer quantos exemplares tinham neste espaço.

"Ainda é muito cedo pra dizer qual é a porcentagem do que sobrou, mas pode ser de 10 a 15%. Tivemos uma perda muito grande e agora nós vamos avaliar o que restou. Está sendo feito um levantamento com os especialistas nos escombros para salvar o maior número de coisas", diz a vice-diretora.

De acordo com Cristiana, uma tela do Marechal Rondon foi encontrada ontem e ela está chamuscada. "Ela foi encontrada no hall principal do Bendegó. A ideia é que ela seja recuperada pelos nossos especialistas. Três fragmentos de crânios foram encontrados de fato, mas nós não sabemos se foi da Luzia. Eles estão sendo analisados, mas os fragmentos foram encontrados perto de onde o crânio dela estava e como existem muitos escombros estamos analisando", explica. 

"A situação aqui é de uma tragédia muito grande, mas estamos tentando fazer o melhor possível pra recuperar o que puder", finaliza.

A população que encontrar objeto ou fragmento do Museu Nacional deve levar até a biblioteca, que fica em um prédio anexo na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio.

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