Rio - Um intenso tiroteio assustou moradores e deixou um idoso, de 67 anos, baleado na mão em Copacabana, na Zona Sul do Rio, na manhã desta terça-feira. De acordo com a Polícia Militar, cinco suspeitos que estariam fugindo do Morro da Babilônia, no Leme, renderam um motorista em um veículo na Avenida Carlos Peixoto. No entanto, uma testemunha viu o crime e acionou PMs do 19º BPM (Copacabana).
Ainda segundo a corporação, quando os criminosos acessaram a Rua Tonelero, próximo à Praça Cardeal Arcoverde, foi realizado um cerco policial ao veículo, um Palio Weekend, e houve confronto entre os suspeitos e os militares. Um adolescente, de 15 anos, foi apreendido por agentes do Programa Rio+Seguro. Com ele, os policiais encontraram uma pistola e um rádio comunicador.
A Polícia Militar informou que o motorista do carro, Douglas Pereira da Silva, de 25 anos, na Zona Oeste, foi detido para averiguações. Os investigadores apuram se o jovem, que estava dentro do veículo na hora do confronto, ajudava na fuga dos criminosos. Segundo a Polícia Civil, ele tem anotações policiais por quadrilha ou bando, receptação, tráfico e roubo.
Os quatro suspeitos conseguiram fugir. De acordo com relatos de moradores, dois criminosos do grupo embarcaram em um ônibus que passava pela via, na altura da Rua Santa Clara. A ocorrência foi encaminhada para 12ª DP (Copacabana). Policiais militares realizam buscas com apoio de equipes do Programa Rio Mais Seguro.
O idoso Euclides Boechat de Carvalho Brito voltava do supermercado quando foi atingido por uma bala perdida na mão direita nas proximidades da Escola Municipal Alencastro Guimarães, na Rua Tonelero, a poucos metros da sua residência na mesma via. Ele foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e levado para o Hospital Miguel Couto, na Gávea. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o paciente foi atingido por um tiro de raspão e já recebeu alta.
Uma testemunha relata que as mães que deixavam os filhos na escola correram para dentro da instituição para se proteger do tiroteio. Quem passava pela Rua Otaviano Hudson encontrava diversas cápsulas de munições espelhadas pela via. Um veículo foi atingido por uma bala próximo à Praça Cardeal Arcoverde.
O supervisor de segurança Isaías Godoy, de 29 anos, conta como foi a troca de tiros. “Eles desceram a ladeira e os policias já estavam aqui esperando (os bandidos). Num primeiro momento, os agentes mandaram eles parar, mas, eles não pararam. Na abordagem, eles atiraram contra os militares", diz.
"Os bandidos atiraram primeiro e houve um revide. Foi muito tiro. Na hora que o PM tentou abrir a porta eles atiraram. Por sorte não acertou nele. Aí ele continuaram fugindo. Na hora tinha muita gente na rua. Tinha crianças indo para a escola, pessoas indo trabalhar. Foi muita correria", relata o segurança, que se jogou embaixo de um carro para não ser atingido.
Uma aposentada de 64 anos, que mora na rua Assis Brasil, lembra o momento de pânico. “Era 8h20 e eu estava em casa tomando café. Foi muito assustador. Ainda disse para minha filha: 'Isso não é fogo, é tiro'. Foi muito tiro e eu corri e fui me esconder no banheiro”, lembra. A mulher é enfática sobre o que acontece em Copacabana: “Esse bairro está muito perigoso. Quase todo dia tem confronto na Babilônia e escutamos das nossas casas. Fora os assaltos."
Ao DIA, Eduardo Salgado, presidente da associação de moradores de Copacabana diz que a presença da PM em uma cabine em frente à estação Cardeal Arcoverde foi fundamental. “Eles estarem aqui foi muito importante. A hora que aconteceu (a troca de tiros) várias crianças estavam indo para a escola e dezenas de pedestres passavam pela rua. Foram muitos tiros. Mais de 10 disparos e foi muito assustador."
Segundo Salgado, criminosos de outros bairros aproveitam para cometer crimes na área. “Estamos em contato com o batalhão. Fazemos um trabalho em conjunto. Precisamos do apoio da rede hoteleira”, afirma.
'Ele é motorista do Uber', diz irmão
De acordo com Bruno Pereira da Silva, irmão do motorista do veículo, Douglas saiu de manhã de casa, no Jardim América, na Zona Norte do Rio, para trabalhar com o aplicativo Uber. “Meu irmão contou para a minha mãe, depois que foi detido, que ele iria pegar uma corrida em Botafogo — atrás do Shopping Rio Sul — quando foi rendido pelos caras (bandidos)”, conta o universitário de 22 anos.
“Os policiais ligaram pedindo que o proprietário do carro teria que comparecer na delegacia. Comprei esse carro para o meu irmão há 5 meses e desde então, diariamente, ele circula pela cidade. Meu irmão é honesto e só queremos saber o que aconteceu”, conclui. Bruno confirma que o irmão já teve passagens pela polícia. "Mas ele se regenerou”, afirma.
Aos policiais, Douglas disse que era motorista do aplicativo. No entanto, não apresentou nem documento e nem o aplicativo que comprovaria que ele era credenciado, segundo a Polícia Militar.
'Joguei duas granadas no trajeto', diz adolescente apreendido
De acordo com os policiais que participaram da ocorrência, o adolescente apreendido relatou que portava duas granadas e uma pistola quando fugia do Morro da Babilônia. Ainda segundo o menor, informalmente à PM, disse que teria recebido uma ordem do chefe do tráfico de drogas da comunidade do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, para buscar os traficantes da comunidade do Leme.
Durante a perseguição, que durou pouco menos de 10 minutos e percorreu quatro ruas de Copacabana, o menor contou que jogou os dois artefatos entre as ruas Hilário de Gouveia e Barata Ribeiro. No local, os PMs revistaram toda a extensão das ruas. No entanto, nada foi encontrado.
Bandidos atacam base da UPP Babilônia/Chapéu-Mangueira, no Leme
Na madrugada desta terça-feira, bandidos atacaram base da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Babilônia/ Chapéu Mangueira, durante uma tentativa de invasão. “Tudo começou por volta das 5h. Foi muito tiro. O contêiner atacado foi o que fica na entrada da mata”, disse um PM que pediu anonimato.
Bandidos do Comando Vermelho (CV), que atuam na Babilônia, tentaram retomar o controle do tráfico de drogas do Terceiro Comando Puro (TCP) que hoje está no Chapéu-Mangueira. Durante a passagem do “bonde” — pelas vielas da comunidade — a base da UPP da localidade acabou sendo atacada pelos homens.