Perícia chegou ao local às 10h desta segunda-feira  - Rafael Nascimento/ Agência O DIA
Perícia chegou ao local às 10h desta segunda-feira Rafael Nascimento/ Agência O DIA
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - Começou, na manhã desta segunda-feira, a investigação para apurar as responsabilidades pela tragédia no Morro Boa Esperança, em Piratininga, Região Oceânica de Niterói. Deslizamento de terra na madrugada de sábado provocou a morte de 15 pessoas. Por volta das 10h, cerca de sete agentes do Posto Regional de Polícia Técnico-Científica de Niterói (PRPTC) chegaram ao local, acompanhados de funcionários da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais do Governo Federal e do Serviço Geológico do Brasil. A perícia durou cerca de duas horas.

Por conta da perícia, o trabalho de remoção dos escombros foi suspenso temporariamente. No local, duas retroescavadeiras e caminhões esperaram a retomada do serviço. Bombeiros não estão mais no local, já que as buscas foram encerradas no domingo, um dia após a tragédia. O serviço já foi normalizado. 

O Detran e a Defensoria Pública do Estado montaram uma barraca a cerca de 100m de onde ocorreu a tragédia para que a população possa retirar novas vias de certidões de nascimento, casamento, habilitação e identidades, além de ajuda jurídica. A previsão é que os documentos levem 5 dias para ficarem prontos. Eles deverão ser retirados no posto do Detran do Fonseca. 

"O posto emergencial vai viabiliza que esses documentos sejam emitidos sem muita burocracia. Além do mais, isso vai ajudar no cadastramento do aluguel social que essas pessoas receberão. Qualquer morador vítima da tragédia pode comparecer aqui para tirar os documentos. O atendimento será irrestrito", afirmou o defensor público Flávio Lethier. 

A pedido do presidente da República, Michel Temer, o Ministério da Integração Nacional designou neste domingo uma equipe para vistoriar os locais atingidos e apoiar o Estado do Rio e o município de Niterói no levantamento dos danos.

Começa apuração de responsabilidade sobre deslizamento - Rafael Nascimento/ Agência O DIA

Os corpos das últimas quatro vítimas serão enterrados nesta segunda-feira. Entre elas, estão os irmãos Arthur Caetano Carvalho, de 3 anos, e Nicole Caetano Carvalho, de 8 meses. Arthur chegou a ser socorrido para uma unidade hospitalar, mas morreu na tarde deste domingo, elevando para 15 o número de vítimas fatais da tragédia. O sepultamento está marcado para acontecer às 16h. As outras duas vítimas são Marta Pereira Romero, de 61 anos, e Dalvina Martins, de 56 anos, foram sepultadas nesta manhã. 

Do total de 11 pessoas soterradas, que ficaram machucadas e foram socorridas, apenas duas permanecem internadas em estado grave. São dois homens que estão nos hospitais Estadual Azevedo Lima, em Niterói, e Alberto Torres, em São Gonçalo. Por telefone, a Secretaria Estadual de Saúde informou apenas que o estado de saúde das vítimas "é estável". Ela não informa as identidades nem se eles passaram por cirurgias. As outras nove pessoas já receberam alta.

Em nota, a Prefeitura de Niterói informou que, nesta segunda-feira, está priorizando acolhimento das vítimas e que o Município está trabalhando na elaboração do projeto de lei que amplia o escopo do Aluguel Social, para incluir o pagamento do benefício para as famílias que foram afetadas pela tragédia. 

Segundo a prefeitura, o projeto será enviado para a Câmara dos Vereadores, em regime de urgência, nesta terça-feira. A nota também informou que unidades habitacionais já em construção no bairro do Fonseca serão entregues, no dia 20 de dezembro, às 22 famílias das residências afetadas.

As secretarias municipais de Saúde, Assistência Social, Obras, Conservação e Serviços Públicos, e Companhia de Limpeza mantêm cerca de 200 pessoas trabalhando na limpeza do local e na Escola Municipal Francisco Portugal Neves, em Piratininga, onde estão concentradas as 9 toneladas de donativos arrecadados. Técnicos da Defesa Civil estão monitorando as casas no entorno e 17 permanecem interditadas.

Moradores reclama de falta de auxílio da Associação de Moradores

Nesta segunda-feira, moradores do Morro da Boa Esperança que foram afetados pelo deslizamento da madrugada deste sábado reclamaram da falta de auxílio prestado pela Associação de Moradores da comunidade ao longo dos anos. 

Sandra da Silva Francisco, que perdeu o neto e a ex-sogra na tragédia, retornou ao local para buscar a documentação da filha e dos netos, que foram encontradas no meio dos escombros. No local, ela acusou Clemilde Santos, presidente da Associação, de descaso. Segundo ela, a mulher "nunca fez nada pelos moradores". 

Clemilde estava auxiliando na organização do local para a devolução dos pertences ao moradores, inclusive as documentações, quando ela e Sandra se desentenderam com as acusações que foram feitas. "Ela nunca ajudou a população", declarou Sandra.

Abalada, Sandra chegou a passar mal e desmaiou, precisando receber atendimento médico de uma ambulância dos Bombeiros que estava no local. 

 

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