Rio - A cidade do Rio de Janeiro, conhecida como “cidade maravilhosa”, apesar de seus inúmeros atrativos, continua abaixo da sua potencialidade em termos turísticos, o que se explica, segundo o professor do Departamento de Turismo e Hotelaria da UFF, Marcello de Barros Tomé Machado, pelos seus altos índices de violência. Pensando nisso, o Departamento de Turismo e Hotelaria da UFF em parceria com o Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (BPTur-PMERJ), criou o Curso Especial de Policiamento em Áreas Turísticas (Cepat), com o objetivo de conscientizar os policiais militares lotados no BPTur sobre o impacto do turismo para a cidade.
Embora o processo de seleção para o curso priorize inscrições dos policiais do BPTur, Marcello ressalta que todos os agentes de segurança que atuam no Rio de Janeiro podem se inscrever. “Nós já tivemos policiais do Bope, de UPPs, e de outros batalhões também. Além dos policiais militares, temos vagas para a Guarda Municipal, que sempre participou ativamente em todas edições, e temos vagas para a Polícia Civil também”.
Transformação na interação do policial com a sociedade
Em 2011, o então Comandante do BPTur, o Tenente-Coronel Cláudio Costa de Oliveira, procurou a UFF em busca de contribuições para a criação do Cepat. Mesmo depois da troca de comando, o Tenente-Coronel Joseli Cândido da Silva deu prosseguimento às tratativas de criação do curso. “Quando finalmente conseguimos abrir a primeira turma em 2012, a UFF ficou responsável por algumas disciplinas como: Fundamentos do Turismo, Marketing Turístico, Hospitalidade, Negociação e Conflitos em Turismo, Geografia e História do Rio de Janeiro e Língua Estrangeira”, explica Marcello. Parte das disciplinas são ministradas por professores da Secretaria de Segurança Pública, principalmente da PMERJ. Os docentes civis são da Faculdade de Turismo e Hotelaria da UFF.
Além de aulas e palestras, os alunos do Cepat também participam de trabalhos de campo, que já ocorreram no centro do Rio de Janeiro e em cidades do interior, como Petrópolis e Itatiaia, proporcionando maior conhecimento sobre a geografia e a história de diversos municípios do estado. Após a conclusão do curso, que dura dois meses com aulas todos os dias de manhã e de tarde, os policiais participam de uma espécie de estágio, que garante a efetividade da formação. A primeira turma teve como estágio a Conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável, a Rio+20, em 2012.
O curso também proporciona ao agente, enquanto indivíduo, uma formação diferenciada. “Ele adquire uma noção melhor de língua estrangeira, do fenômeno turístico e suas relações com a esfera econômica, social, ecológica, cultural e política. Também passa a conhecer mais da história e da geografia do Rio de Janeiro, a importância de se mostrar acolhedor através da hospitalidade. O contato com esses saberes gera uma transformação na interação desse policial com a sociedade, seja com os turistas ou não”, afirma o professor.